Sobre a vida dos Celtas –XXII
Por
Charlotte von Troeltsch e Suzanne Schwartzkoff
Para leitura do episódio anterior: Sobre a Vida dos Celtas XXI
E exatamente agora, quando todas as almas
vibravam na felicidade da presença terrena do Filho de Deus, eles necessitavam
de canções que expressassem esse júbilo. Então o filho mais jovem de Cuimin que havia se apresentado
voluntariamente na escola sacerdotal, chegou um dia à mãe com versos que lhe
haviam caído na alma, enquanto ele se encontrava com os rapazes junto ao mar.
Ysot reconheceu imediatamente que grande graça fora
presenteada ao seu caçula, pois Oschin
seria convocado para anunciar as canções do Pai Eterno. Ela deu os versos ao
príncipe que se alegrou de coração por eles, sem, entretanto, reconhecer seu
elevado valor. Em sua vida ativa ele se encontrava muito distante de tais
coisas.
Os versos, porém, soavam mais ou menos
assim:
Sobre o mar soa uma alegre notícia,
anjos cantam-na sobre o mundo,
como um pássaro paira com as asas estendidas
procurando um local para pouso.
anjos cantam-na sobre o mundo,
como um pássaro paira com as asas estendidas
procurando um local para pouso.
Assim essa mensagem desce
para diversos seres humanos,
contudo nem por toda parte ela encontra guarida.
para diversos seres humanos,
contudo nem por toda parte ela encontra guarida.
Onde, porém, as almas a agarram,
aí ela desce e penetra nelas com grandes bênçãos.
aí ela desce e penetra nelas com grandes bênçãos.
Essas almas podem então saber:
o Filho de Deus veio para a salvação dos seres humanos.
o Filho de Deus veio para a salvação dos seres humanos.
E, então, a canção continuava dizendo como
essas almas eram despertas e fortalecidas, desenvolvendo-se na mais elevada
pureza, para que atuando entre os outros seres humanos essa pureza se
estendesse qual tapete aos pés do Filho de Deus, para que Ele caminhasse sobre
ele. Essa notícia não queria desencadear uma adoração frouxa, mas uma luta
vigorosa contra todos os pecados, como os homens queriam estar juntos, onde
quer que se encontrem batalhadores do Filho de Deus.
Essa canção as moças naturalmente não podiam
cantar, contudo Oschin encontrou
entre os druidas e os alunos muitos, cujas vozes deixavam-se afinar de tal modo
que um coro masculino auxiliava no embelezamento das solenidades.
E novamente
passaram-se os anos pela tribo do povo de Seabhac,
como eles sempre ainda se denominavam. Pieder,
Cuimin e Ysot, juntamente com outros fiéis haviam sido chamados de volta. Erik havia se tornado príncipe e regia
assim como ele havia visto seu pai: de forma justa, sábia e pura nos costumes.
Ele havia buscado sua esposa junto aos parentes de sua mãe, a qual era pequena
e esmerada, luminosa e delicada, ao lado de seu esposo robusto. O mais velho de
seus filhos já estava apto a lidar com as armas e não deixava nada a dever ao
pai em força e capacidade.
Dois irmãos do príncipe, Diar e Dono, haviam permanecido por longo tempo em países estranhos. Eles
quiseram ver algo do mundo, sobretudo queriam ter investigado se em outra parte
sabiam algo mais a respeito do Filho de Deus. Todo o povo ainda ansiava de
forma muito forte por ouvir a respeito Dele. Mas onde quer que eles detivessem pela
busca, eram zombados com suas perguntas. Em nenhum lugar sabiam a respeito da
notícia maravilhosa. Isto, porém, não deixou que surgissem dúvidas em nenhum
deles. Tanto mais profundo se enraizara a crença no povo Celta de que o Pai
Eterno lhes havia dado uma graça especial através desse saber a respeito de Sua
grande misericórdia.
Diar e Dono,
porém, haviam trazido pessoas junto, não obrigadas, mas porque sabiam como
cativá-las, pessoas essas que seguiam toda sorte de artes valiosas. Uma delas
era um construtor como outrora o fora Golin.
Ele sabia construir pequenas e belas habitações, as quais chamavam de casas e
nas quais se podia morar muito bem quando a tempestade não soprasse muito
forte. Então, mostrava-se que as antigas cabanas redondas eram mais apropriadas
para resistir aos espíritos do vento do que essas casas, que não queriam saber
nada do vento.
Depois de algumas construções terem sido
danificadas pelo vento o construtor aprendeu com esses problemas e encontrou
uma maneira de construir que reunia a praticidade das cabanas antigas com a
beleza das novas. Depois, surgiram então, aldeias, as quais eram sempre de novo
admiradas pelos seus habitantes. Também externamente tudo era tão limpo.
Então os irmãos haviam também trazido junto
algumas moças que sabiam trabalhar com agulhas e fios coloridos de diversas
espécies, fazendo bordados sobre as vestimentas. Aquilo era maravilhoso. A
princesa pegou-as logo para instruir na escola, deixando que todas as moças
aprendessem assim a nova arte.
Além disso, havia vindo junto um homem que
pintava coloridamente escritos simples, de modo que uma folha escrita dava uma
impressão muito bonita. Ele também era capaz de transfigurar pessoas para o
papel, de modo que se podia julgar realmente tê-las reconhecido. Os sacerdotes
teriam aceitado-o com prazer em sua escola, mas ele disse que sua arte era um
presente dos deuses e que isso ele havia recebido e não era capaz de transmitir
adiante. Os druidas queriam zangar-se, mas Oschin
acalmou-os. Ele lhes mostrou que também a dádiva que o Pai Eterno lhe havia
dado não era capaz de ser ensinada a alguém. Mesmo que ele se esforçasse muito,
nenhum dos jovens era capaz de compor canções para que fossem cantadas.
Igualmente seria o caso com a arte do mestre Mertins. Ele apenas havia expressado sua recusa de modo pouco
hábil.
Como agradecimento por essa defesa, Mertins começou a escrever
coloridamente as canções de Oschin e a pintar pequenos quadros associados a
isso. Isso deveria ser um presente para o príncipe Erik.
Desde há dias a tempestade bramia por sobre
o país, trazendo bem para dentro as afiadas pedras de areia da costa. Ela
quebrava árvores e erguia telhados das cabanas e das casas. As pessoas, devido
a um receio insuportável, não saíam mais.
— “O Pai Eterno está irado” diziam os
druidas e as pessoas repetiam-no em profunda aflição, mesmo que não estivessem
conscientes de nenhuma culpa em especial.
Por que o Pai Eterno estaria irado?(continua)
Texto da série especial denominada: Escritos
Valiosos
Personagens e fatos processados dentro do
contexto deste episódio:
Seabhac, Habicht: Se trata do personagem de destaque nos acontecimentos,
que se situa como soberano de uma comunidade celta.
Muirne: velha mãe do príncipe dos celtas Seabhac, Habicht
Meinin: esposa de Seabhac, Habicht que veio de outro reino
salva e aceita para proteção.
Padraic: É o nome principal do ancião que surge neste episódio
como druida da comunidade celta, sendo, portanto um personagem influente de seu
meio.
Donald: Escolhido como novo Superior dos
Druidas (após morte misteriosa d Padraic)
Nuado
Silberhand: No folclore irlandês, era reverenciado como rei e grande líder dos
Tuatha Dé Danann. Possuía uma espada invencível, vindo da cidade de Findias e
que fazia parte dos Tesouros de Dananns. Na primeira Batalha de Magh Turedh
perdeu o braço ou a mão, órgão que foi restituído, mas fez com que ele perdesse
o trono da tribo. Ficou conhecido como "Nuada, Braço de Prata" ou
"Nuada, Mão de Prata". Nuada era o Deus da justiça, cura e
renascimento; irmão de Dagda e Dian Cecht.
Pelo
direcionamento dado a este enredo pelas autoras, este personagem se trata de um
enteal de certa forma
importante em sua ligação com os seres humanos.
Goban: deus ferreiro dos Tuatha Dé Danann; com
Credne e Luchtain formavam o "Trí Dé Dana"; fez as armas que os
Tuatha usaram para derrotar os Fomorianos. Equivalente a Goibniu e Govannon
(galês).
Na
mitologia irlandesa Goibniu ou Goibhniu era um dos filhos de Brigid e Tuireann
e ferreiro dos Tuatha Dé Danann. Ele e seus irmãos Creidhne e Luchtaine
tornaram-se conhecidos como os Trí Dée Dána, "os três deuses de
arte", que forjaram as armas que os Tuatha Dé usaram para combater os
Fomorianos. Suas armas eram sempre letais e seu hidromel concedia
invulnerabilidade a quem o bebesse.
Brigit, é a Deusa dos ferreiros, dos artistas,
das artes e da cura. Sendo uma Deusa solar, ela é padroeira do fogo e de tudo
que envolva Inspiração e Artes. É uma Deusa tríplice, tendo três faces, a
poetisa, a médica e a ferreira.
Lug: ou Lugh - filho de Cian (Kian) dos Tuatha Dé Danann e
Eithne (também Etaine), filha de Balor (rei dos Fomorianos). Comandou as forças
dos Tuatha na vitoriosa Segunda Batalha de Mag Tuireadh (Moytura) contra os
Fomorianos, na qual matou o avô Balor. É a figura extraordinária do Deus jovem
irlandês que suplanta o Deus Velho; está associado à habilidade e à técnica; é
conhecido como Lugh Samhioldanach (de muitas artes) e Lugh Lámhfhada (de mão
comprida). Raiz da palavra gaélica que significa Agosto (Lúnasa), isto é,
Lughnasadh (festa de Lugh). Corresponde ao Lleu Llaw Gyffes galês.
Pieder – príncipe
filho de Seabhac, Habicht e Meinin
Cuimin
– príncipe
filho de Seabhac, Habicht e Meinin
Brigit
– príncesa
filha de Seabhac, Habicht e Meinin
Fionn – príncipe filho de Seabhac, Habicht e Meinin
Golin
– salvo de naufrágio no reino de Seabhac,
Habicht, vindo da longínqua Gálea; era construtor.