ESTUDOS ASTROLÓGICOS: Plutão em
Trânsito VI
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Interpretação de Plutão em Trânsito
Na interpretação de trânsitos de modo geral, a
característica do planeta conforme já foi explicado anteriormente, embasa um
conhecimento essencial pelo andamento eficaz do processo analítico astrológico
nas previsões. Aliás, apenas pelo emprego dos trânsitos (até mesmo sem o
levantamento da Revolução Solar e Lunar de um período), seria possível se
efetivar uma parcial previsão astrológica, sem a necessidade de muitos
cálculos, tão somente conforme as efemérides; de uma forma já esclarecida nas
aulas de cálculos.
Para prosseguir nessa ordem, os ensinamentos de acordo com Stephan
Arroyo, em seu livro “Astrologia, karma e Transformação” sobre o
planeta Plutão, se tornam fundamentais, como se seguem:
Os Trânsitos de Plutão
A função da energia planetária pode avaliar-se melhor observando
o significado dos trânsitos de Plutão por pontos importantes do mapa natal. Os
trânsitos de Plutão representam a morte e a destruição do antigo, sendo esta
destruição necessária para criar espaço ao novo.
Os trânsitos de Plutão trazem à superfície aquilo que está
pronto para ser eliminado e destruído.
Como exemplo, uma pessoa durante uns anos, passou na
eminência do colapso psicológico. Embora tivesse sido um homem que exercia um
domínio extremo de si próprio mostrava-se paranóico e histérico. Disse que
experimentara toda espécie de fantasias paranóicas, relacionadas com sua
namorada. Ao estabelecer o seu horóscopo para descobrirmos quais os trânsitos
que ocorriam no período, a experiência de que passava foi imediatamente
esclarecida. Plutão em trânsito estava em quadratura exata com Vênus natal. Expliquei-lhe
que os trânsitos de Plutão destruíam os velhos modelos de pensamento e
comportamento, bem como eliminavam todos os gêneros de resíduos psíquicos que
impediam o seu desenvolvimento.
Pelo fato de Plutão estar em quadratura com Vênus, naturalmente,
suas experiências afetavam sua vida emocional e as suas relações íntimas. Era
como se todos os medos, ideais, fantasias e expectativas que tivera acerca das
relações amorosas houvessem sido, imediata e compulsivamente, trazidos à
superfície, depurados e eliminados, a despeito dos desejos conscientes da
pessoa. Esta explicação ajudou a obter a certa perspectiva daquilo que se
passava consigo, embora, claro, tivesse ainda que passar por toda a experiência
emocional.
Pareceu-me ele de certo modo, aliviado, após a consulta e,
dias mais tarde, disse-me que ia consultar um psiquiatra, na esperança de que
ele ajudasse a enfrentar os seus sentimentos mais profundos. As coisas
acalmaram um pouco depois da conclusão desse trânsito, mas quando Plutão
retrogradou e ficou, de novo, em quadratura com Vênus natal, recomeçou o mesmo
tipo de experiências, não obstante, desta vez, com menos força. O terceiro
trânsito de Plutão (outra vez direto) em quadratura com Vênus natal marcou o
fim deste longo e difícil período de transição emocional. Quando o processo
terminou, o meu cliente tinha uma visão muito mais clara das suas relações com
a namorada; decidiu adiar o casamento e parecia mais satisfeito com a sua vida
emocional. Além disso, todos os seus valores relativos ao amor, ao casamento,
ao dinheiro ou a preferências estéticas (Vênus) sofreram uma transformação
total. Apreciando agora o caso à distância de alguns anos, é evidente que esta
experiência, embora fosse, em altura, dolorosa e confusa, abriu as portas a um
mais profundo reconhecimento e a uma perspectiva de vida inteiramente nova para
ele que ainda hoje afeta as suas atitudes cotidianas.
Eis um ponto acerca dos trânsitos dos planetas
trans-sturninos que não pode ser sobrevalorizado: as ramificações em longo
prazo desses períodos cruciais de mudança só tornarão aparentes com uma
perspectiva clarificada que, por sua vez, só o tempo proporcionará. As
alterações que acontecem durante estes períodos são tão intensas e concentradas
– e, ao mesmo tempo, as suas implicações na vida tão sutis – que é simplesmente
impossível, para a maior parte dos indivíduos, assimilarem num curto espaço de
tempo, o significado completo desta transição de uma fase para outra. Uma
pessoa pode, muitas vezes, levar dez anos a compreender em absoluto o que
realmente aconteceu nos seus níveis mais profundos durante essas fases de
transformação. No momento matematicamente preciso em que ocorre o trânsito, não
se tem qualquer perspectiva do que se passa. Apenas se sente que nos tiraram o
tapete por debaixo dos pés, deixando-nos desorientados e com a noção de que ao
mesmo tempo o velho tenha sido posto de lado implacavelmente, sem mais base
firme de apoio, nem nada de seguro e familiar para que nos agarremos. Trata-se
de uma sensação de grande insegurança, muitas vezes acompanhada por sintomas de
desintegração, físicos e/ou psicológicos. Creio, no entanto que, na maior parte
dos casos, a experiência destes trânsitos (com planetas acima de Saturno) é
menos responsável pelo stress
causado, do que o pânico, o medo e a ansiedade que rapidamente se apoderam da
maioria das pessoas. Como os seres humanos são criaturas de hábitos e,
portanto, raramente inclinadas a abandonar a velha e familiar segurança dos
modelos antigos, resistem à mudança – o que tem apenas por efeito aumentar a
pressão e a tensão internas. A única coisa que nos pode ajudar a vencer esses
períodos com certo equilíbrio psíquico é uma fé inabalável na sabedoria e na
ordem da própria vida. Essa fé deve basear-se no conhecimento real das leis
universais, visto que uma fé sem alicerces a que uma pessoa se agarre só para
fugir ao medo, desaba inevitavelmente logo que somos confrontados com o
verdadeiro desafio. Então é este um dos maiores valores da astrologia, pois
pode levar o indivíduo a descobrir o conhecimento autêntico e digno de
confiança sobre as leis universais que modelam a experiência de nossas vidas. Pode
dar ao indivíduo uma perspectiva aprofundada de sua experiência, um
distanciamento que eventualmente poderá transformar-se em sabedoria.
Assim, embora alguns astrólogos afirmem que os trânsitos de
Plutão trazem sempre consigo uma certa forma de separações de pessoas, coisas
ou atividades, podemos ver, pelo exemplo, que Plutão atua a um nível muito mais
profundo do que o dos simples fenômenos transitórios. Não quero dizer com isso
que acontecimentos exteriores em larga escala nunca acompanhem tais trânsitos; acentuo apenas que, quer sejam ou não
óbvias as mudanças exteriores nessa altura, o significado da experiência nunca
é por completo evidente, visto que as mudanças ao mais profundo nível psíquico
são tão prolongadas que o espírito analítico não consegue entender-lhes o
verdadeiro propósito.
No exemplo que citei, verificou-se de fato uma separação, mas a um profundo nível
emocional, através da eliminação de modelos de vida que já não serviam ao
desenvolvimento interior da pessoa. Ela foi por isso separada de padrões
psicológicos inibitórios e derrotistas, embora, as suas relações com
determinada mulher se desenvolvessem em intimidade e profundidade, e a sua
capacidade para compreender as suas próprias necessidades emocionais – e,
assim, a sua capacidade para se relacionar com outras pessoas – se tenha
tornado muito rapidamente mais significativa. Por isso, apesar de os trânsitos
de Plutão coincidirem, muitas vezes, com o fim absoluto de uma velha fase de
atividade ou de um modo acabado de auto-expressão, mostram-nos inevitavelmente
que é tempo de abandonar os velhos padrões psicológicos ou a velha perspectiva
de vida que já não serve mais.
Os trânsitos de Plutão trazem à superfície condições
ocultas ou subliminais, a fim de que esta energia possa ser libertada da velha
carapaça e transformada numa nova fonte de poder conscientemente utilizável. E
relacionam-se sempre com a luz e a escuridão, o velho e o novo. Deste modo e
apesar de, muitas vezes trazerem à superfície resíduos do velho para que possam
ser eliminados, também trazem para a luz aquilo que o ego mais profundamente
aprendeu e que manifesta na essência perdurável do ser.
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