Mitos da Liberação II
MITOLOGIA E ASTROLOGIA: Mitos da
Liberação II
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Este setor apresenta um texto
original sobre um mito. Em seguida, sua interpretação conforme o sentido
astrológico – pela caracterização de um Signo ou de outra característica
astrológica.
Sileno
Sileno, filho de Pan (ou de
Hermes) era esposo da ninfa que amamentou Dionísio – criado por adoção – num refúgio escolhido por
Zeus, como único local para proteção de seu filho (e da princesa Semele) contra
as investidas da deusa Hera.
Popular nos cortejos de Dionísio
por ser assíduo seguidor do culto, também era considerado – muitas vezes – como
um tipo de sábio, principalmente quando – por raridade – se mantinha sóbrio,
mas sem nunca se importar com sua virtude (detestava tecer conselhos);
preferindo poder sustentar seu vício, liberado assim – indiscriminadamente – no
consumo do vinho, o qual defendia como a sua própria doutrina. Corpulento,
quando se encontrava ébrio, ainda assim tentava aparentar seu equilíbrio,
mantido a custo pelo seu apoio no lombo de um burro, servindo de guia.
Durante uma embriaguez profunda,
Sileno chegou a perder seu rumo, sendo depois encontrado – caído nesse estado –
e muito bem tratado pelo rei Midas (até sua recuperação) como ainda reconduzido
ao seu grupo. Por esse ato nobre, Midas recebeu de Dionísio o dom de poder
realizar – por um pedido – aquilo que mais desejasse.
Ariadne
Ariadne, filha do rei Minos, sob
o domínio da paixão, idealizara um plano ideal pela vitória de seu amado, cujo
artifício consistia apenas em poder
adentrar o – enigmático – labirinto (de Creta) desenrolando – na medida
certa – um novelo de linha, para ser possível identificar – com precisão – o
caminho de volta; lógica aplicada com êxito por seu namorado Teseu, que assim
após ter vencido o Minotauro conseguiu reconhecer o retorno.
Com a vitória, Ariadne precisava
fugir para se livrar da ira paterna, decidida muito mais pelo amor que nutria – confiante –, seguindo por
isso o rumo de Teseu”, o qual a queria em sua nau somente por garantia (no momento
do embarque).
Pelo premeditado rumo de viagem,
houve uma escala na ilha de Naxos, onde o ingrato Teseu abandonou – em plena praia – a princesa, que
se encontrava adormecida, a qual sob um despertar inesperado, ainda conseguiu reconhecer
– por causa das velas – o navio de seu amante desaparecer no horizonte. Para
ela, essa estratégia de Teseu, além de indicar um – insensato – descaso
amoroso, ainda subestimara a plenitude de sua ordem racional – considerada com
orgulho como superior –; se encontrando por isso, na sua pior condição de
desespero; por desconhecer que sob essa necessária situação seria definido o
seu destino.
Pela solução desse fato, sob uma
ocorrência quase instantânea, Dionísio (assíduo visitante dessa ilha), a
encontrou em prantos, o qual como deus – da Liberação –, ainda com alguns
esforços, conseguiu servir de consolo para a moça.
Assim, por causa desse casual
encontro os dois formaram um casal inseparável; e como presente de núpcias,
Ariadne ganhou de Dionísio a famosa coroa de ouro, que era consagrada como
preciosa obra artística de Hefesto.
As Bacantes
O culto das bacantes (ou mênades:
“desvairadas”) e a apreciação do vinho (néctar difundido por Dionísio), indicam
manifestações originariamente simultâneas (apesar das indefinidas ou variadas
descrições sobre tais fatos). No início, as consideradas mênades, assim se
qualificavam apenas entre as ninfas protetoras de Dionísio (escolhidas por
Zeus) pelo seu desenvolvimento, as quais – influenciadas por isso – passaram a
expressar sua doutrina (sempre na base do vinho). Depois disso, também surgiram
as bacantes humanas, que se manifestaram apenas por imitação; as quais
celebravam suas secretas orgias nos bosques e montanhas.
No início, apenas – certas –
mulheres (jovens ou idosas) se tornaram adeptas do “credo”, a junção de homens
ao ritual – dos bacanais –, só aconteceu muito tempo depois, fato que resultara
numa indescritível desordem (no grupo).
Mais tarde, pela extensão da nova
tendência e também pelo quanto significava como doutrina pouco definida, os
cultos de cada região – necessariamente –
variavam. Na Arcádia, num templo erguido para esse tipo de culto,
“virgens” eram flageladas no ritual. Em Atenas, tais manifestações (principalmente
no mês de fevereiro) eram celebradas oficialmente, e até num porte de maior
pompa, em relação aos outros povos da Grécia. Pela imprecisa definição de sua
doutrina, Dionísio também era conhecido como Líber.
Em Roma, identificado como Baco,
entre as fileiras – com base no seu culto –,
a ordem das Liberais, por estatuto, exigia que toda dama romana –
seguidora do grupo – não poderia recusar quaisquer tipos de propostas, mesmo
sendo indecorosas.
Comentário:
De acordo com os 144 números,
Dionísio não seria propriamente o paradigma mitológico – ou deus – da
Transformação, como vários intérpretes apregoaram (entre opiniões aceitáveis,
embora requerentes de alguns acertos), pelo fato dessa consideração (ou
formulação) dos mesmos, esclarecer apenas por aproximação no sentido do –
núcleo – tema, o qual determina muito mais em termos de reflexão filosófica.
Tão pouco, seria o deus – ou fator básico – do êxtase ou do entusiasmo – embora
pareça – conforme outras indicações (sem nenhum subestimo nesse sentido).
A leitura do tema (definido pelo
número 91) ‘Mitos da Transformação’ deve auxiliar em razão dessa necessária
diferenciação.
Sob consideração mais simples
(fácil de entender) vale expor a lógica numérica (sobre esse assunto mítico):
91 Regeneração: “transformação” /
92 Arbítrio / 93 Juízo
O Arbítrio (92), num sentido
geral (de ordem numérica) se encontra entre a transformação (91) e o Juízo
(93), contudo (apesar disso realçar um acorde), sem significar quaisquer dos
conteúdos expressos pelos dois distintos fatores; por se definir – exatamente –
como outra propriedade; a qual por extensão serve também para indicar:
“liberação”.
O padrão do Arbítrio (92), por
derivação especial confere ainda – com exclusividade – o cultivo de ordem
intelectual – objetiva – em função da espécie humana, a qual em razão disso
(pelo seu instrumento cerebral), se diferencia das demais classes animais
terrenas; se encontrando (numericamente) assim entre a “transformação” (92) e o
Juízo (93), em cujo seu real processo se inclui o sentido da deliberação
(decisão individual); que também implica numa “liberação”, como condição
natural dessa lei eterna (92 Arbítrio – 32 Naturalidade = 60 “composição).
Portanto, também não seria
correta a afirmação (de alguns intérpretes sobre o mito) de que Dionísio
representava o elo de aproximação humana junto aos deuses; o que ainda parece
indicar justamente o contrário; fato pelo qual se constata em função da
hierarquia do Respeito (8).
80 Resignação / 92 “liberação”/
104 Resistência
Em suma isso significa que a
Resignação (80) termina no iniciar da “liberação (92), a qual ainda se
condiciona em função da própria Resistência (104).
Dionísio por – preciso –
simbolismo, caracteriza – propriamente – a fase terminal do período
“infantil” humano (sob os cuidados dos
deuses pelo desenvolvimento de sua espécie); portanto, nisso se embasa a
própria emancipação da humanidade – como objetivação – terrena num sentido
natural.
Por várias ordens expressivas dos
números, melhor se esclarece em relação ao número 92:
Arbítrio 92 – 89 Virtude = 3
Liberdade; Arbítrio 92 – 41 Distinção = 51 Realidade; Arbítrio 92 – 53
Inexorável = 39 Ilusão; qualificações numéricas que – de certa forma –
enfatizam o mito (conforme sua própria essência).
Legado utilizado como bordão:
“Todo conhecimento que não pode ser expresso por números é
de qualidade pobre e insatisfatória” (Lord Kelvin).