domingo, 8 de maio de 2016

Sincronicidade II

FILOSOFIA DOS NÚMEROS: Sincronicidade - II
Publicação anterior: Sincronicidade




Sincronicidade


Ainda um pouco indeciso, por falta de respaldo com sua própria teoria (por tal novidade), desconhecendo ainda seus reais limites pelo quanto seria possível de alcançar em termos objetivos ou apenas como fundamentos, Jung assim se esclarece:
Como eu já disse, é impossível, com os recursos atuais, explicar esta percepção, isto é, a coincidência significativa, como sendo um fenômeno de energia. Isto elimina a explicação causal, porque os “efeitos” não podem ser entendidos senão como um fenômeno de energia. Por isso não se pode falar de causa e efeito, mas de uma coincidência no tempo, um espécie de “contemporaneidade”. Por causa do caráter desta simultaneidade, escolhi o termo sincronicidade para designar um fator hipotético de explicação equivalente à causalidade. Em meu artigo (“Natureza da Psique”), considerei a sincronicidade como uma relatividade do tempo e do espaço condicionada psiquicamente; que se comportam, por assim dizer, “elasticamente” em relação à psique, podendo ser reduzidos, aparentemente à vontade. Nas experiências com o tempo e o espaço, respectivamente, esses dois fatores reduzem-se mais ou menos a zero, como se o espaço e o tempo dependessem de condições psíquicas, ou como se existissem por si mesmos e fossem “produzidos” pela consciência (Sincronicidade: 840).






Em razão dessa dúvida num sentido temporal, se justifica o fato dele ter ido à busca de melhor conhecimento sobre relatividade, nisso então com o próprio Einstein.



No entanto, quase em seguida, os fatos se estendem com diretivas pelo seguinte:

Convém chamar a atenção para um possível mal entendido que pode ser ocasionado pelo termo “sincronicidade”. Escolhi este termo porque a aparição simultânea de dois acontecimentos, ligados  pela significação, mas sem ligação causal, pareceu-me um critério decisivo. Emprego, pois aqui o conceito geral de sincronicidade, n sentido especial de coincidência, no tempo, de dois ou vários eventos, sem relação causal, mas com o mesmo conteúdo significativo, em contraste com “sincronismo” cujo significado é apenas o de ocorrência simultânea de dois fenômenos (Sincronicidade: 849).

A sincronicidade, portanto, significa, em primeiro lugar, a simultaneidade de um estado psíquico com vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos de um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, também vice-versa... (850)

Então, a sincronicidade, como algo similar ao Tempo Relativo – de Einstein – significa um contexto apenas um pouco bem mais elaborado para a didática do esclarecimento geral, bastante acessível, principalmente de se constatar os fenômenos de efeitos adjuntos, pela própria sensação intuitiva, muito embora de certa forma apurada; em cuja observação pessoal se exige determinada capacidade de atenção nos fatos, sem nenhum descuido nem esquecimentos por desvios mentais momentâneos. Nessas condições, qualquer pessoa seria capaz de reconhecer os efeitos da sincronicidade, de modo mais simples e prático. Pois, os exemplos fundamentais de Jung sobre o assunto se reconhecem por essa ordem simples de eventos, inclusive do cotidiano.    

O princípio da causalidade nos afirma que a conexão entre causa e efeito é uma conexão necessária. O princípio da sincronicidade nos afirma que os termos de uma coincidência significativa são ligados pela simultaneidade e pelo significado. Se admitirmos, portanto, que tanto os experimentos com a ESP, como as inúmeras outras observações individuais comprovam a existência de fatos reais, forçoso nos é concluir que, ao lado da conexão entre causa e efeito, existe na natureza também outro fator que expressa na sucessão dos acontecimentos e parece ter significado. Embora se reconheça que o significado é uma interpretação antropomórfica, contudo, ele constitui o critério indispensável para julgar o fenômeno da sincronicidade. Não temos nenhuma possibilidade de saber em que consiste o fator que parece ter “significado”. Como hipótese, porém, isto não é tão impossível como poderia parecer à primeira vista. Com efeito, devemos lembrar que a atitude racionalista do homem ocidental não é a única possível nem a que tudo abrange; é, sob certos aspectos, um preconceito e uma visão unilateral que talvez seja preciso corrigir. A civilização, muito mais antigo, dos chineses sempre pensou de modo diferente da nossa sob certos aspectos...  Somente no plano da Astrologia, da Alquimia e dos processos mânticos é que não se observam diferenças de princípio entre nossa atitude e a atitude chinesa. É por isso que a alquimia se desenvolveu em direções paralelas no Ocidente e no Oriente, tendendo para o mesmo objetivo, e com uma formação de idéias mais ou menos idênticas   (906).





A sincronicidade não é uma teoria filosófica, mas um conceito empírico que postula um princípio necessário ao conhecimento. Não se pode dizer que isto seja materialismo ou metafísica. Nenhum pesquisador sério afirmaria que a natureza daquilo que pode ser objeto de observação e daquilo que observa, isto é, a psique, sejam grandezas conhecidas (pela coisa vista) e reconhecidas (na avaliação de quem vê). Se as conclusões mais recentes da Ciência se aproximam de um conceito unitário do ser, caracterizado pelo tempo e pelo espaço, de um lado, e pela causalidade, do outro, tal fato nada tem a ver com o materialismo. Pelo contrário, parece que aqui se oferece a possibilidade de eliminar a incomensurabilidade entre o observado e o observador. Se isso acontecesse, o resultado seria unidade de ser que teria de se exprimir através de uma nova linguagem conceitual, isto é, de uma “linguagem neutra”, como a chamou muito apropriadamente W. Pauli (950).

O espaço, o tempo e causalidade, a tríade da Física clássica, seria complementada pelo fator sincronicidade, convertendo-se em uma tétrade, um quaternário que nos torna possível um julgamento da totalidade (951: conforme figura da Cruz):





Esse esquema de Jung de esclarecimento pela Cruz, além de ilustrar o conceito em si, ainda remonta providencialmente uma propriedade (numérica qualitativa) reconhecida – fartamente – durante estudos anteriores ( [tempo] 174 – 140 [reciprocidade] = 34 [“relatividade”]); em que a causalidade do tempo se justifica com a relatividade temporal.

A sincronicidade, aqui, está para os três outros princípios, assim como a unidimensionalidade  do tempo está para a tridimensionalidade do espaço; ou se comporta como o quarto fator nesse sentido (952)...

Esta nova série que é uma extensão do Tempo Relativo, além de aproveitar os conhecimentos adquiridos anteriormente sobre esse assunto, ainda para melhor ampliação do tema implica numa profunda análise de Jung. Pelo quanto se inclui ainda o estudo sobre uma importante vida antepassada (reencarnação) do mesmo, conforme data de ordem longínqua. Sem nenhuma provocação de suspense demorado pela identificação daquele que representa a personalidade dessa vida anterior, tão longo tal figura deve ser revelada, nos conformes de devidas comprovações dos fatos.

De fato, a Sincronicidade de forma utilitária é isso: um estudo analítico com a apresentação dos fatores adjuntos em razão de um determinado caso.
Neste caso, para estudar o conceito de Sincronicidade, nada melhor do que partir pela análise profunda entre inesgotáveis detalhes do próprio Jung, o autor dessa teoria.

(continua)