FILOSOFIA
DOS NÚMEROS: Sincronicidade - II
Publicação
anterior: Sincronicidade
Sincronicidade
Ainda
um pouco indeciso, por falta de respaldo com sua própria teoria (por tal
novidade), desconhecendo ainda seus reais limites pelo quanto seria possível de
alcançar em termos objetivos ou apenas como fundamentos, Jung assim se
esclarece:
❝Como eu já disse, é impossível, com os recursos atuais,
explicar esta percepção, isto é, a coincidência significativa, como sendo um
fenômeno de energia. Isto elimina a explicação causal, porque os “efeitos” não
podem ser entendidos senão como um fenômeno de energia. Por isso não se pode
falar de causa e efeito, mas de uma coincidência no tempo, um espécie de “contemporaneidade”.
Por causa do caráter desta simultaneidade, escolhi o termo sincronicidade para
designar um fator hipotético de explicação equivalente à causalidade. Em meu
artigo (“Natureza da Psique”), considerei a sincronicidade como uma
relatividade do tempo e do espaço condicionada psiquicamente; que se comportam,
por assim dizer, “elasticamente” em relação à psique, podendo ser reduzidos,
aparentemente à vontade. Nas experiências com o tempo e o espaço,
respectivamente, esses dois fatores reduzem-se mais ou menos a zero, como se o
espaço e o tempo dependessem de condições psíquicas, ou como se existissem por
si mesmos e fossem “produzidos” pela consciência ❞ (Sincronicidade:
840).
Em razão
dessa dúvida num sentido temporal, se justifica o fato dele ter ido à busca de
melhor conhecimento sobre relatividade, nisso então com o próprio Einstein.
No entanto,
quase em seguida, os fatos se estendem com diretivas pelo seguinte:
❝Convém chamar a atenção para um possível mal
entendido que pode ser ocasionado pelo termo “sincronicidade”. Escolhi este
termo porque a aparição simultânea de dois acontecimentos, ligados pela significação, mas sem ligação causal,
pareceu-me um critério decisivo. Emprego, pois aqui o conceito geral de
sincronicidade, n sentido especial de coincidência, no tempo, de dois ou vários
eventos, sem relação causal, mas com o mesmo conteúdo significativo, em
contraste com “sincronismo” cujo significado é apenas o de ocorrência
simultânea de dois fenômenos ❞
(Sincronicidade:
849).
❝A sincronicidade, portanto, significa, em primeiro
lugar, a simultaneidade de um estado psíquico com vários acontecimentos que
aparecem como paralelos significativos de um estado subjetivo momentâneo e, em
certas circunstâncias, também vice-versa... ❞ (850)
Então,
a sincronicidade, como algo similar ao Tempo Relativo – de Einstein – significa
um contexto apenas um pouco bem mais elaborado para a didática do
esclarecimento geral, bastante acessível, principalmente de se constatar os
fenômenos de efeitos adjuntos, pela própria sensação intuitiva, muito embora de
certa forma apurada; em cuja observação pessoal se exige determinada capacidade
de atenção nos fatos, sem nenhum descuido nem esquecimentos por desvios mentais
momentâneos. Nessas condições, qualquer pessoa seria capaz de reconhecer os
efeitos da sincronicidade, de modo mais simples e prático. Pois, os exemplos
fundamentais de Jung sobre o assunto se reconhecem por essa ordem simples de
eventos, inclusive do cotidiano.
❝ O princípio da causalidade nos afirma que a conexão
entre causa e efeito é uma conexão necessária. O princípio da sincronicidade
nos afirma que os termos de uma coincidência significativa são ligados pela
simultaneidade e pelo significado. Se admitirmos, portanto, que tanto os
experimentos com a ESP, como as inúmeras outras observações individuais
comprovam a existência de fatos reais, forçoso nos é concluir que, ao lado da
conexão entre causa e efeito, existe na natureza também outro fator que
expressa na sucessão dos acontecimentos e parece ter significado. Embora se
reconheça que o significado é uma interpretação antropomórfica, contudo, ele
constitui o critério indispensável para julgar o fenômeno da sincronicidade. Não
temos nenhuma possibilidade de saber em que consiste o fator que parece ter
“significado”. Como hipótese, porém, isto não é tão impossível como poderia
parecer à primeira vista. Com efeito, devemos lembrar que a atitude
racionalista do homem ocidental não é a única possível nem a que tudo abrange;
é, sob certos aspectos, um preconceito e uma visão unilateral que talvez seja
preciso corrigir. A civilização, muito mais antigo, dos chineses sempre pensou
de modo diferente da nossa sob certos aspectos... Somente no plano da Astrologia, da Alquimia e
dos processos mânticos é que não se observam diferenças de princípio entre
nossa atitude e a atitude chinesa. É por isso que a alquimia se desenvolveu em
direções paralelas no Ocidente e no Oriente, tendendo para o mesmo objetivo, e
com uma formação de idéias mais ou menos idênticas ❞
(906).
❝A sincronicidade não é uma teoria filosófica, mas um
conceito empírico que postula um princípio necessário ao conhecimento. Não se
pode dizer que isto seja materialismo ou metafísica. Nenhum pesquisador sério
afirmaria que a natureza daquilo que pode ser objeto de observação e daquilo
que observa, isto é, a psique, sejam grandezas conhecidas (pela coisa vista) e
reconhecidas (na avaliação de quem vê). Se as conclusões mais recentes da
Ciência se aproximam de um conceito unitário do ser, caracterizado pelo tempo e
pelo espaço, de um lado, e pela causalidade, do outro, tal fato nada tem a ver
com o materialismo. Pelo contrário, parece que aqui se oferece a possibilidade
de eliminar a incomensurabilidade entre o observado e o observador. Se isso
acontecesse, o resultado seria unidade de ser que teria de se exprimir através
de uma nova linguagem conceitual, isto é, de uma “linguagem neutra”, como a
chamou muito apropriadamente W. Pauli ❞(950).
❝O espaço, o tempo e causalidade, a tríade da Física
clássica, seria complementada pelo fator sincronicidade, convertendo-se em uma
tétrade, um quaternário que nos torna possível um julgamento da totalidade❞ (951: conforme figura da Cruz):
Esse
esquema de Jung de esclarecimento pela Cruz, além de ilustrar o conceito em si,
ainda remonta providencialmente uma propriedade (numérica qualitativa)
reconhecida – fartamente – durante estudos anteriores ( [tempo] 174 – 140
[reciprocidade] = 34 [“relatividade”]); em que a causalidade do tempo se
justifica com a relatividade temporal.
❝A sincronicidade, aqui, está para os três outros
princípios, assim como a unidimensionalidade
do tempo está para a tridimensionalidade do espaço; ou se comporta como
o quarto fator nesse sentido ❞
(952)...
Esta
nova série que é uma extensão do Tempo Relativo, além de aproveitar os
conhecimentos adquiridos anteriormente sobre esse assunto, ainda para melhor
ampliação do tema implica numa profunda análise de Jung. Pelo quanto se inclui
ainda o estudo sobre uma importante vida antepassada (reencarnação) do mesmo,
conforme data de ordem longínqua. Sem nenhuma provocação de suspense demorado
pela identificação daquele que representa a personalidade dessa vida anterior,
tão longo tal figura deve ser revelada, nos conformes de devidas comprovações
dos fatos.
De
fato, a Sincronicidade de forma utilitária é isso: um estudo analítico com a
apresentação dos fatores adjuntos em razão de um determinado caso.
Neste
caso, para estudar o conceito de Sincronicidade, nada melhor do que partir pela
análise profunda entre inesgotáveis detalhes do próprio Jung, o autor dessa
teoria.
(continua)