ESTUDOS ASTROLÓGICOS: Urano em
Trânsito IV
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Interpretação de Urano em Trânsito
Na interpretação de trânsitos no
geral, a característica do planeta conforme já foi explicado, significa um
conhecimento essencial pelo andamento eficaz do processo analítico astrológico
das previsões.
Continuando nessa ordem, para o
momento convém um estudo do assunto, baseado novamente no livro: “Que
Significam os Planetas no Horóscopo?“ do autor Hélio Amorim sobre o planeta
Urano, como se segue:
A Motivação de Urano
Os planetas são motivações que
são os motivos que se tem para viver. O mapa de nascimento representa um
potencial. Potencial é tudo aquilo que se pode transformar em trabalho, em ato,
que se pode tornar atual. O mapa, portanto não representa a realidade atual,
sim as suas possibilidades latentes que terão ainda de serem desenvolvidas.
Isto é que são os planetas. Cada planeta é uma motivação, ou seja, uma árvore
que vai fazer nascerem vários desejos.
Os desejos surgem do que? As
motivações nascem com o sujeito. Basta ser um “ser” que pertence à espécie
humana para se ter as mesmas motivações, da mesma intensidade de da mesma
qualidade, mas não se nasce com o desejo. O desejo nasce do confronto entre a
motivação que é interna, que nasce com ele; e o objeto desejável do mundo
externo. Ele nasce com a motivação, mas depende de ver a coisa: se ele nunca
viu banana, como é que ele pode ter vontade de comer banana? Isto é um fator
completamente extra-astrológico, ou seja, todos têm a mesma fome, mas nem todos
entraram no mesmo restaurante, nem todos leram o mesmo cardápio. Por isso que
se cria um desejo diferente. Cada planeta é uma motivação. [...]
Urano é a oitava motivação ou
impulso que é a necessidade de Libertação.
Urano representa origem; aquilo
que é eternamente.
Urano representa o arquétipo do
homem prefeito, do homem celeste. Onde estiver Urano no mapa do indivíduo ali
está o máximo de possibilidades nas quais ele acredita. Não quer dizer que ele
acredita nessas possibilidades o tempo todo e nem que ele procura realizá-las,
Urano é aquilo que eu seria se eu pudesse sair do tempo, se eu pudesse ter o
dom da eternidade. A eternidade como a posse plena e simultânea de todos os
seus momentos, porque tudo que eu quero ser tem sempre uma implicação
contrária.
À medida que você sai do plano
temporal e entra no plano da eternidade, você tem a posse plena e simultânea
dos seus momentos. Isso quer dizer que onde está Urano no mapa é onde o
indivíduo sente que estaria completamente livre de quaisquer restrições, mas
também onde ele sente o pavor de sair do fio do tempo e, portanto, de perder a
sua forma, a sua estrutura e de ser destruído por essa mesma intensidade de
vida.
Isto pode ser visto, ao mesmo
tempo, pelo indivíduo, ora como uma liberação e ora como uma destruição
completa. Nos momentos em que ele se identifica mais com as partes intemporais
do seu ser, ele encara isto como uma libertação; mas, na hora em que ele se
lembra que tem um corpo, que gosta de ter um corpo, uma vida pessoal, no mesmo instante
começa a lhe parecer como algo assustador.
Vamos supor Urano na casa XII,
por exemplo. A casa XII é tudo aquilo que ligando o indivíduo a um sistema
maior do que a sociedade faz com que ele perca a identidade social. Se Urano está na casa XII, onde é que o
indivíduo tem o máximo de possibilidades? Ele vai encontrar esse máximo de
possibilidades ou essa libertação sempre que ele volta as costas a tudo aquilo
que é visível e óbvio, ou seja, à vida de todos os dias, às tarefas de todos os
dias. Na medida em que vira as costas a isso ele perde todas as possibilidades
pela identidade social.
É que a XII é oposta à casa VI. A casa XII se opõe à
VI que é a conquista de um lugar no sistema, a sua identidade social, que na
maior parte das vezes é definida por uma tarefa, seja uma tarefa doméstica, um
emprego, ou qualquer coisa assim. É a tarefa que o caracteriza e, na medida em
que o caracteriza, o distingue dos outros e lhe dá um lugar específico no qual
ele pode de certa maneira se apoiar. Por isso a casa VI corresponde à sexta
motivação que é representada por Júpiter, a comunhão.
Júpiter representa sempre a
ligação da parte com o todo, o liame orgânico que faz com que cada pedacinho
esteja conectado a uma totalidade. Todas as realidades que nós conhecemos são
feitas de uma reunião de partes. Esta reunião de partes é possível porque cada
parte considerada em si mesma tem dois aspectos que fazem com que por um lado
ela seja um indivíduo, que tenha unidade, e por outro lado que ela seja
hierarquicamente submetida a uma unidade maior. Este é o princípio das Unidades Coletivas.
No mito, Urano é ao mesmo tempo a
possibilidade infinita, mas essa possibilidade permanece irrealizada na medida
em que os filhos gerados são devolvidos ao interior da terra, devolvidos ao
inferno, ao tártaro. É mediante a castração do pai, que surge o princípio da
forma e da beleza que é Vênus. Toda realização começa mediante a castração de
uma possibilidade. Quando você separa e diz: “Não quero isto”, é aí que você
começa a executar alguma coisa.
No processo sucessivo de
realização, de passagem da possibilidade para a realidade. Júpiter já se
manifesta em toda a sua variedade, mas que não perde o seu caráter orgânico,
sistemático e de unidade.
Urano é a vontade de ser. Urano
tem relação com tudo aquilo que é grandioso no homem, ou seja, Urano
corresponde ao nosso arquétipo celeste e ao modelo da nossa perfeição, que no
nível humano ainda permanece como mera aspiração. Por isso Urano na mitologia é
desenhado mais ou menos com os mesmos traços que o Deus cristão: um velho de barbas brancas que paira no céu e que é o
Deus Pai, o Pai de todos os deuses e o Criador de todas as coisas. É a mesma
imagem. Urano seria essa imagem do divino
em nós. Urano está associado com as grandes palavras, tais como aquelas
referidas ao Sol: dignidade, grandeza, honra, verdade, beleza.
Mas se você se lembrar do mito em
que Urano gerava filhos em Gea e em seguida os devolvia ao inferno, ou seja, ao
próprio corpo da mãe, isto significa que dignidade, beleza, verdade, honra,
grandeza, ficam para nós como hipóteses, como possibilidades, que nós não a
vemos em nós mesmos, exceto nos momentos de suficiente intensidade para que eu
possa tentar realizar estas coisas, exceto nos momentos de amor e de heroísmo. É
só aí que você vê isso, isto é, no momento em que você tem uma paixão ou comete
um ato heróico. Porque na paixão? Na paixão você vê o que há de grandioso em
você, porque o outro também vê, então você vê com os olhos dos outros. E
quando o outro o abandona, acha que ele levou a sua grandeza embora, a
não ser que você seja suficientemente experto para catar de volta. Para catar
de volta, a condição sine qua non é
que você não diminua o outro, porque se você o diminuir, você vai achar que
tudo o que viu de grande em você também era mentira.
Para auxiliar pelo bom entendimento deste texto com muitas figurações
ilustrativas e simbólicas, aconselhável se torna a consulta ao mito grego sobre
Urano.