quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Os Arquétipos do Inconsciente Coletivo






Os Arquétipos do Inconsciente Coletivo

por Carl Gustav Jung

Devido ao seu parentesco com as coisas físicas, os arquétipos quase sempre se apresentam em forma de projeções, e quando estas são inconscientes, manifestam-se nas pessoas com quem se convive, subestimando ou Super estimando-as, provocando desentendimentos, discórdias, fanatismos e loucuras de todo tipo. Não é outra a razão pela qual se diz que "fulano endeusou sicrano" ou "fulano de tal é a 'bete noire' de X". Esta é a origem dos mitos modernos, em outras palavras, dos boatos fantásticos, das mil e uma desconfianças e preconceitos.! Os arquétipos são, portanto, coisas extremamente importantes, de efeito considerável, e que merecem toda a nossa atenção.! Não devem ser simplesmente reprimidos, mas, devido ao perigo! de contaminação psíquica, convém levá-los muito a sério. Como quase sempre se apresentam sob a forma de projeções, e estas só são possíveis quando alguém as recebe, avaliar e julgá-las é extremamente difícil. Pois bem, se alguém projeta o diabo no outro, é porque essa pessoa tem algo em si que possibilitar a fixação da imagem. Mas nem por isso essa pessoa tem que ser um diabo. Muito pelo contrário. Pode até ser uma pessoa boníssima, mas é incompatível com a pessoa que projeta, o que tem sobre elas um efeito "diabólico" (isto é, separador). Nem a pessoa que projeta precisa ser diabo (embora deva reconhecer que dentro dela o diabólico também existe) como ainda por cima foi enganada por ele, uma vez que o projeta. Mas nem por isso é "diabólica"; pode ser uma pessoa tão correta quanto a outra. Surgindo o diabo, isso significa que essas duas pessoas são incompatíveis (pelo menos agora e num futuro próximo), razão pela qual o inconsciente provoca uma ruptura, afastando-as uma da outra. O diabo é uma variante do arquétipo da sombra, isto é, do aspecto perigoso da metade obscura, não reconhecida pela pessoa. 4. Ver: Die Struktur der Seele em: Seelenprobleme der Gegenwart, 1950, P- 149ss, Obras Completas, Vol. 8, § 331ss. Outro arquétipo, com o qual deparamos quase que regularmente nas projeções de conteúdos coletivos do inconsciente, é o "demônio mágico", de efeito predominantemente sinistro Bons exemplos são os personagens de Meyrink: o Golem, ou o feiticeiro tibetano de Fledermäusen (Morcegos), que desencadeia a guerra mundial pela magia. Evidentemente, Meyrink não aprendeu isso comigo. Foi uma produção espontânea do seu inconsciente, que deu forma e palavra a uma sensação semelhante à que a minha paciente projetara em mim. O tipo feiticeiro também aparece no Zaratustra; no Fausto, é o próprio herói. A imagem desse demônio deve pertencer a um dos estágios mais elementares e arcaicos do conceito de deus. É o tipo do primitivo feiticeiro da tribo ou xamã, personalidade dotada de poderes excepcionais, carregada de força mágica.5 Freqüentemente aparece como uma figura de pele escura, de tipo mongolóide, quando representa um aspecto negativo, eventualmente Perigoso. Às vezes é difícil, quase impossível, diferenciar essa figura da sombra; mas quanto mais dominante for a nota mágica, mais fácil a diferenciação. Isso não é de pouca importância, visto que pode revestir-se do aspecto muito positivo do velho sábio.


O conhecimento dos arquétipos significa um avanço importante. O efeito mágico ou demoníaco sobre a pessoa do outro desaparece, porque a sensação perturbadora é restituída a uma dimensão definitiva do inconsciente coletivo. Em compensação, é-nos proposta uma tarefa totalmente nova: a questão de como e de que maneira o eu deve lidar com esse não-eu psicológico. Será que basta constatar a existência atuante dos arquétipos, abandonando o resto à própria sorte? Assim criaríamos um estado de dissociação permanente, isto é, uma cisão entre a psique individual e a psique coletiva. De um lado, teríamos o eu diferenciado e moderno, de outro, uma espécie de cultura negra, um estado primitivo. O estado real e atual das coisas ficaria assim exposto a uma nítida separação: por cima, a crosta da civilização, por baixo a besta de pele escura. Tal dissociação exige contudo uma síntese imediata, e o desenvolvimento daquilo que não está desenvolvido. É imprescindível reunificar essas duas partes; em caso contrário, não haveria dúvida quanto ao resultado: o inevitável aniquilamento do primitivo, pela repressão. O único meio de evitá-lo é que uma religião válida, ainda viva, proporcione condições satisfatórias para que o homem primitivo se exprima através de uma simbologia fartamente desenvolvida. Em seus dogmas e ritos, essa religião necessita de imaginação e ação, inspiradas no que há de mais arcaico. Isso se dá no catolicismo: é sua maior força, mas também o seu maior perigo. Antes de entrar na nova questão da reunificação, voltemos ao sonho que nos serviu de base. Essa explanação deu-nos uma melhor compreensão do mesmo, sobretudo de uma de suas partes essenciais: o medo. Esse medo é um medo arcaico dos conteúdos do inconsciente coletivo. Vimos que a identificação da cliente com X revela simultaneamente sua relação com o artista que a perturba. Ficou demonstrado que o médico foi identificado com o artista e, além disso, passando ao nível do sujeito, eu era uma imagem da figura do feiticeiro em seu inconsciente. O símbolo do caranguejo abrange tudo isso no sonho: o símbolo daquele que retrocede. O caranguejo é o conteúdo vivo do inconsciente, que não pode ser simplesmente esgotado ou anulado por uma análise ao nível do objeto. O que pudemos conseguir foi o desmembramento dos conteúdos mitológicos da psique coletiva dos objetivos da consciência e sua consolidação como realidades psíquicas exteriores à psique individual Através do ato do reconhecimento, "estabelecemos" a realidade dos arquétipos, ou mais exatamente, postulamos a existência psíquica desses s conteúdos, com base no reconhecimento. É preciso constatar, expressamente, que não se trata unicamente de conteúdos reconhecíveis, mas de sistemas psíquicos trans-subjetivos, amplamente autônomos, e, portanto submetidos só muito condicionalmente ao controle do consciente e provavelmente até lhe escapando, em grande medida.

Trecho extraído do livro Psicologia do Inconsciente




Caracterização Astrológica:

Pelo mapa astrológico de Carl Gustav Jung constam os seguintes indicadores numéricos conforme as posições dos planetas e considerando ainda outros fatores principais:

Neste caso, em conformidade com o assunto descrito é importante salientar que, a Lua no mapa astrológico de Jung, muito forte no signo de Touro pela Casa III, identifica o número 74 que representa entre outros significados, também esse denominado Inconsciente Coletivo. A Lua que caracteriza a potencialidade emocional, nesta situação representa um forte fator pelas intensas experiências de Jung nesta área.