segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O Arquétipo Mãe







O Arquétipo Mãe

por Carl Gustav Jung

O aspecto positivo do primeiro tipo, ou seja, a exacerbação do instinto materno refere-se àquela imagem da mãe que tem sido louvada e cantada em todos os tempos e em todas as línguas.
Trata-se daquele amor materno que pertence às recordações mais comoventes e inesquecíveis da idade adulta e representa a raiz secreta de todo vir a ser e de toda transformação, o regresso ao lar, o descanso e o fundamento originário, silencioso, de todo início e fim. Intimamente conhecida, estranha como a natureza, amorosamente carinhosa e fatalmente cruel - uma doadora de vida alegre e incansável, uma mater dolorosa e o portal obscuro e enigmático que se fecha sobre o morto.

Mãe é amor materno, é a minha vivência e o meu segredo. O que mais podemos dizer daquele ser humano a que se deu o nome de mãe, sem cair no exagero, na insuficiência ou na inadequação e mentira - poderíamos dizer - portadora casual da vivência que encerra ela mesma e a mim, toda humanidade e até mesmo toda criatura viva, que é e desaparece, da vivência de que somos os filhos?

No entanto, sempre o fizemos e sempre continuaremos a fazê-lo. Aquele que o sabe e é sensível não pode mais sobrecarregar com o peso enorme de significados, responsabilidades e missão no céu e na terra a criatura fraca e falível, digna de amor, de consideração, de compreensão, de perdão que foi nossa mãe. Ele sabe que a mãe é portadora daquela imagem inata em nós da mater natura e da mater spiritualis, da amplitude total da vida à qual somos confiados quando crianças, e ao mesmo tempo abandonados. Ele também não pode ter dúvida alguma em libertar a mãe humana dessa carga assustadora, pelo respeito que deve a ela e a si mesmo.

É precisamente este peso de significados que nos prende à mãe e acorrenta esta ao filho para a ruína anímica e física de ambos.

Nenhum complexo materno é resolvido, reduzindo-o unilateralmente à mãe em sua medida humana; é preciso retificá-la de certa forma. Corre-se desta forma o perigo de decompor em átomos também a vivência da “mãe", destruindo assim um valor supremo e atirando fora a chave de ouro que uma boa fada havia colocado em nosso berço.

Por isso o homem sempre associou instintivamente aos pais (pai e mãe) o casal divino preexistente na figura do pai e mãe do recém-nascido, a fim de que este último nunca se esqueça, quer por inconsciência, quer por um racionalismo míope, de conferir aos pais um caráter divino.

O arquétipo é a princípio muito menos um problema científico do que uma questão importantíssima da higiene anímica. Mesmo que nos faltassem todas as provas da existência dos arquétipos, e mesmo que todas as pessoas inteligentes nos provassem convincentemente de que os mesmos não podem existir, teríamos que inventá-los para impedir que os nossos valores mais elevados e naturais submergissem no inconsciente. Se estes valores caírem no inconsciente, toda a força elementar das vivências originárias desaparecerá com estes. Em seu lugar, surgiria a fixação na imagem materna, e, depois que essa fosse devidamente racionalizada, ficaríamos completamente presos à ratio humana e, a partir daí, condenados a acreditar exclusivamente no racional. Por um lado, isto é uma virtude e uma vantagem; por outro, uma limitação e um empobrecimento, porque assim nos aproximamos do vazio do racionalismo e do "íluminismo". Essa Déesse Raison espalha uma luz ilusória, que só ilumina o que já sabemos e oculta na escuridão o que seria necessário conhecer e conscientizar.

Quanto mais independente for o comportamento do entendimento, tanto mais este se torna puro intelecto, colocando opiniões doutrinárias em lugar da realidade, enxergando não o homem como ele é, mas uma imagem ilusória do mesmo. Quer o homem compreenda ou não o mundo dos arquétipos, deverá permanecer consciente do mesmo, pois nele o homem ainda é natureza e está conectado com suas raízes. Uma visão de mundo ou uma ordem social que cinde o homem das imagens primordiais da vida não só não constitui uma cultura, como se transforma cada vez mais numa prisão ou num curral. Se as imagens originárias permanecerem de algum modo conscientes, a energia que lhes corresponde poderá fluir no homem. Quando não for mais possível manter a conexão com elas, a energia que nelas se expressa, causando o fascínio subjacente ao complexo parental infantil, retorna ao inconsciente. Desta forma, o inconsciente recebe uma irresistível carga de energia que atua quase como uma  ilusão em qualquer ponto de vista ou tendência que nosso intelecto possa apresentar como meta à nossa concupiscência. Deste modo o homem fica irremediavelmente á mercê de sua consciência e de seus conceitos racionais no tocante àquilo que é certo ou errado.
Longe de mim desvalorizar o dom divino da razão, esta suprema faculdade humana. Mas como senhora absoluta ela não tem sentido, tal como não tem sentido a luz num mundo em que está ausente seu oposto, a obscuridade.

O homem deveria dar atenção ao sábio conselho da mãe e obedecer à lei inexorável da natureza que delimita todo ser. Jamais deveria esquecer que o mundo existe porque os seus opostos são mantidos em equilíbrio. O racional é contrabalançado pelo irracional e aquilo que se planeja, pelo que é dado. Esta incursão no campo das generalidades foi provavelmente inevitável, pois a mãe é o primeiro mundo da criança e o último mundo do adulto.

Todos nós somos envolvidos pelo manto dessa ísis maior, como seus filhos.

Agora porém queremos voltar aos nossos tipos do complexo materno feminino. No homem, o complexo materno nunca se encontra em estado "puro", isto é, ele vem sempre misturado ao arquétipo da anima, resultando dai o fato de as afirmações do homem sobre a mãe serem quase sempre emocionais, isto é, preconceituosas, impregnadas de "animosidade". A possibilidade de examinarmos os efeitos do arquétipo da mãe, livre da interferência da "animosidade" só existe na mulher, o que poderá dar certo apenas nos casos em que ainda não se desenvolveu um animus compensatório.

Trecho extraído do livro: Os Arquétipos do Inconsciente Coletivo





domingo, 25 de fevereiro de 2018

Plutão em Trânsito II






ESTUDOS ASTROLÓGICOS: Plutão em Trânsito II
Anterior: Plutão em Trânsito

Interpretação de Plutão em Trânsito

Na interpretação de trânsitos de modo geral, a característica do planeta conforme já foi explicado anteriormente, embasa um conhecimento essencial pelo andamento eficaz do processo analítico astrológico nas previsões. Aliás, apenas pelo emprego dos trânsitos (até mesmo sem o levantamento da Revolução Solar e Lunar de um período), seria possível se efetivar uma parcial previsão astrológica, sem a necessidade de muitos cálculos, tão somente conforme as efemérides; de uma forma já esclarecida nas aulas de cálculos.
Para prosseguir nessa ordem, os ensinamentos de acordo com Elman Bacher, em seus “Estudos de Astrologia” sobre o planeta Netuno, se tornam fundamentais, como se seguem:


Plutão o Princípio do Fogo Congelado

(continuação)

Contudo, um processo alquímico atua através da evolução de qualquer indivíduo, par ou grupo de indivíduos pela espiritualização da consciência amorosa e do desenvolvimento e expressão da inteligência. O amor próprio se torna amor de casal e amor à prole; a defensiva se torna devoção à família, à tribo e ao estado; as forças da sexualidade são elevadas em qualidades vibratórias para se estender a níveis de criatividade e poder mental. Através disso tudo a consciência do indivíduo se desenvolve e amadurece no desejo por aprimoramento, expansão em conhecimento cada vez mais amplo do universo de outras pessoas e finalmente desponta em sabedoria e realização de ideais.
Assim, Escorpião, por meio dos padrões da oitava casa, torna possível a extensão de experiências para as expressões transcendentes das Casas 9, 10, 11 e 12.
Escorpião é mau somente à mente que vê o mal como uma “entidade estática”. Entretanto, pela aproximação feita pela realização dinâmica, este signo é a fonte de todo amor, de toda aspiração e, através do cumprimento das experiências de relacionamento, a fonte de toda sabedoria.
Uma vez que Escorpião é um signo fixo de grande poder em potencial, as posições planetárias ou padrões que envolvem sua vibração podem ser interpretados como respaldadas por um enorme recurso, resultado de uma “prolongada compreensão” da força do desejo nesse ponto. Os padrões de Escorpião – e seus tipos – nunca são superficiais ou insignificantes.
Atente cuidadosamente para qualquer aspecto natal referente a este signo, porque suas potencialidades são muito amplas para “grande bem ou grande mal”.
O desejo se concentra aqui, de maneira que sua liberação construtiva e expressão é uma imposição nesta encarnação. O fracasso e um destino doloroso serão infalíveis no futuro.
Nenhuma inibição emocional pode ser comparada com Saturno em Escorpião em intensidade de medo ou fixação; nenhum potencial de propósitos é mais firme que o sol em Escorpião.
Marte em Escorpião pode representar o desejo sexual em sua mais aguda necessidade de expressão.
Mercúrio em Escorpião deve vigiar suas expressões – respaldadas por impulsos não regenerados de ciúmes, frustrações, medos, etc.. Suas palavras podem ter um efeito devastador nas mentes e sentimentos de outras pessoas.
A Lua e Vênus em Escorpião intensificam em alto grau os padrões que se referem especificamente aos níveis da consciência feminina de qualquer pessoa, homem ou mulher. Há, ou pode haver certa implacabilidade, crueldade ou tendência para “expressar-se através da dominação” quando esses fatores não são liberados satisfatoriamente.
Todas essas posições planetárias requerem transmutação de expressão através da liberação possibilitada pela consciência amorosa da mutualidade nas relações, intercâmbio sexual satisfatório e fertilidade na geração ou, em níveis impessoais, pelo serviço amoroso ou por algum tipo de criatividade.
Estes são os fogos que não podem permanecer indefinidamente no estado de ardência reprimida; deve-se deixá-los “arder com os fogos do viver”.
Como estamos em busca de compreensão, existe um fator psicológico envolvido na vibração de Escorpião que deve ser considerado, embora desagradável. Sendo um estado emocional individual e coletivo, esse fator é o resultado essencial da falha na libertação construtiva desses impulsos de desejo que são necessariamente intensos.
Em virtude do corpo físico ser uma expressão externa do interno, consideremos como este problema se manifesta no plano físico. Como já dissemos, Escorpião representa toda função excretora do corpo físico. A falha em realizar estas descargas tão necessárias provoca o estado de congestão e suas consequências, as possibilidades de desarmonia física.
Em comparação, entretanto, muito mais difícil é remediar congestões na natureza do desejo. Com um pouco de reflexão, qualquer estudante pode reconhecer condições de congestão de desejo em si mesmo ou nas naturezas daqueles que conhece bem. Tais congestões tomam às vezes formas muito trágicas, pelo que devemos aprender a reconhecê-las.
A tragédia básica e essencial de um Escorpião não regenerado é a frustração do impulso gerador. Desta particular congestão surge uma miríade de doenças emocionais, nervosas e mentais que podem afligir a humanidade em quase todas as fases de desenvolvimento. É verdade que há umas poucas pessoas encarnadas em qualquer tempo que não precisam dessa forma particular de liberação, mas tais pessoas são raras e distantes entre encarnações.
É natural e saudável que as pessoas, de modo geral, experimentem a realização do impulso de acasalamento no companheirismo inerente à relação amorosa. Falhar nessa realização, quando sua necessidade é profundamente sentida, tem representado um quadro terrível de sofrimento e perpetração de males a outros.
Escorpião frustrado - seja onde estiver colocado no horóscopo – dá-nos um quadro que indica a possibilidade da pessoa poder expressar crueldade, desonestidade, homicídio, e toda classe de destruição como uma satisfação substituta dessas coisas que, em sua natureza de desejo, clamam por gratificação.
Como o corpo físico pode apresentar erupções cutâneas devidas a condições tóxicas acumuladas, assim também a consciência pode apresentar erupções de toda classe de impulsos negros como forma de descarga.
A história do desenvolvimento da humanidade como organismo sexual está crivada de capítulos de medos, perversões, doenças e loucuras, por tantos seres humanos terem se submetido a viver emocionalmente sob padrões completamente alheios aos processos de experiência natural e cumprimentos amorosos saudáveis.
O matrimônio, que deveria ser a resposta natural entre duas pessoas em termos de harmonia emocional, foi transformado em uma ferramenta para servir a interesses familiares, aquisição de propriedades, de fortuna, de poder temporal, interesses de continuação de dinastias e somente os céus sabem o que mais.
Uma fórmula religiosa completa foi baseada na atitude de que o homem, sendo um verme e incapaz a não ser para castigo eterno, não tinha direito ao gozo espontâneo nem à realização de seus impulsos e de sua vida. Esta “filosofia” vem corrompendo as mentes e emoções de milhões de pessoas através dos séculos.
Atualmente estamos começando a descobrir as raízes desses males emocionais, de maneira que, estudando-as, somos forçados a concluir que a vida não pode ser bem vivida a menos que se baseie numa filosofia de liberações sadias, construtivas, amorosas e felizes.
Alguns resultados de ter sido instrumento para desviar a vida emocional e a felicidade dos outros:
Pessoas cujas vidas parecem estar consagradas ao sofrimento devido à falta de experiência amorosa; matrimônios em que os cônjuges parecem viver em permanente atrito – antiga inimizade; filhos são fontes de contínua ansiedade e cuidados em virtude de doenças mentais ou físicas – ou deficiências essenciais de caráter; mulheres persuadidas a se casarem com homens que as mantêm em contínua escravidão aos seus impulsos de desejos, sem resultados frutíferos; homens que não se livraram das amarras psicoemocionais à mãe; crianças que nascem de pais que não as desejam e não as tratam com afeição e consideração; pessoas que passam uma inteira encarnação com medo da própria sexualidade, envergonhando-se até de pensar em “fazer algo a respeito”.
E assim vai: tormento, dor, medo, sentimentos de inferioridade, crueldade, dominação, autodestruição e até loucura: evidências da congestão da natureza de desejos. O remédio se encontra na educação esclarecedora, espiritualizada, mais a determinação vitalizada de viver sadiamente, expressivamente, belamente e amorosamente no relacionamento consigo mesmo e com as demais pessoas.
Assim o recurso de desejo é transmutado e expresso em termos que contribuem para a evolução, bem como para a redenção de padrões cármicos a se converterem em consciência espiritualizada.

(continua)





Onipotência Existencial XVIII









FILOSOFIA DOS NÚMEROS: Onipotência Existencial XVIII


Onipotência Existencial – Naturalmente Eterna


O domínio genuinamente Onipotente não divide seu poder, com restrição de sua vontade que independe da requerida permissão de ordem alheia, em função do exercício de seu potencial eternamente superior sobre tudo, nem mesmo pelo provável surgimento talvez de alguma ousada disputa insignificantemente pretensiosa, de cuja aparente concorrência existencial só se encontre apenas para demonstração de sua similaridade inferior e ridícula sempre em situação de inevitável derrota nesse particular.

Esta frase nos estudos sobre este tema, para esta instância significa o lema de expressão inicial na recapitulação indispensável deste assunto de abrangência existencial. Em razão disto significar enorme quantidade de informação, com extrema qualidade inédita autenticamente de valor eterno comprovado, se justifica apresentar por síntese os tópicos categóricos, como padrões essenciais, os quais em alguns casos especiais determinam um rumo até então desconhecido, que altera expressivamente até o saber de conhecimentos antigos, antes tidos como legítimos e imutáveis. Mesmo esta frase para o estudo neste momento, sem o resumo com os tópicos determinantes, na falta de devidas observações, poderia ser mal interpretada, permitindo um rumo sujeito a falhas de reflexão, com tendência até de certos comprometimentos por injúrias graves, existencialmente. Esta frase embora transmita a informação propriamente requerida para o momento, condiz por excelência com o ato onipotente em si, por questão de seu potencial energético inabalável, unânime existencialmente. Entretanto, esta mesma não explica como isso ocorre em função do mais justo e perfeito gerenciamento existencial, pelo fato de não constar no texto informes também sobre Onisciência. Pois, para a sua formação como Regente constam como dimensões: Onipotência, Onipresença e Onisciência. Quando não se menciona todas as dimensões, ao menos de alguma forma global numa frase, a conclusão pode ser tornar fatal, caso não se atente pelo fato. Como no caso de indiferença desta frase, que indiretamente subentende-se a explicação mais voltada para Onipotência incluindo Onipresença pelo poder econômico de controle energético, sem constar nada de Onisciência. Podendo com isso por não ser mencionada, significar que a Onisciência teria sua origem em função do poder Onipotente, que no caso, representaria uma atitude determinante de arbitrariedade.  Por esse motivo, já válido como recapitulação, convém recordar pelo estudo imediatamente anterior que, a Onisciência por sua origem advém como um fruto propriamente colhido em função da Eternidade. Já se estendendo sobre o assunto, com isso então a maior parte de todo o conhecimento se altera em todas as áreas do saber humano.  Nos textos iniciais deste estudo já se anunciavam a possibilidade dessas mudanças em função de falhas humanas, principalmente por parte do saber manipulado na Cabala, com alterações de interesse pessoal para se obter vantagens de momento, cujo conhecimento contido naquele livro escrito para a época, influiu até mesmo no pensamento de grandes filósofos. Na teologia, religiões e todas as seitas, a influência então comprometeu desastrosamente, cujo argumento fundamental para esse nível de reconhecimento pela aceitação íntima, como atitude devocional ainda representa blasfêmia, mesmo nos rituais simbolizando a maior submissão, ao soberano Criador. Pois do modo como eles presumem, esse mesmo soberano se tornou injuriado ainda que seja por difamação involuntária, cuja calúnia padrão determina uma Criação Existencial promulgada por decisão de ordem arbitrária. Disso se configura a razão estipulada por “pecado”, em cujo ambiente nesse vivencial se reconhece como crime as atitudes pessoais que aparentam contrariar a autoridade imparcial do Criador, por convenção regimentar.  Por esse molde, a Onisciência se restringiria ao fator de vontade onipotente, pela instituição de todas as suas preferências como virtudes, e com a condenação daquilo que incorresse em crime para o seu desagravo, significando deste modo a base do saber universal, totalmente convencionado, manipulado.  Se o critério onisciente tivesse tal procedência, então as leis universais teriam sido instituídas como num passe de mágica. Um soberano desse naipe não teria mais nem noção de Fidelidade (5) por faltar-lhe comprometimento com o social que é parte integrante, complementar como polaridade compartilhada inevitavelmente pela caracterização do Amor (6) universal. Entre Amor (6) e Fidelidade (5) existe integração inamovível, isso simplesmente se constata pela ordem numérica, que se justifica similar a uma escala musical férrea, inabalável.
Ainda assim, se esse absurdo fosse possível de suceder, melhor também teria sido se as criaturas tivessem sido submetidas ao controle por obediência totalitária; as pessoas não teriam nem mais condições de pecar!
Mais isso tudo é uma balela! Pois não coaduna com a realidade.

A Onisciência é um critério de sabedoria proveniente da Eternidade

Toda verdade eterna significa uma propriedade imutável como virtude, e isso já foi demonstrado anteriormente. Portanto, o ato de constrangimento ou exacerbação de uma virtude considerada eterna é um crime, significa pecado em definição dogmática, teológica ou em quaisquer outras modalidades. A ordem numérica fiscaliza tudo isso automaticamente. Qualquer infração nesse sentido é debitada instantaneamente por conta da reciprocidade (140). Portanto, Onisciência independe da vontade onipotente, mais implica num saber de condição existencial inamovível.
Por esse motivo é considerado calúnia, afirmar mesmo involuntariamente, motivado por instruções sórdidas, com termos falsos de outrem que, o Soberano Onipotente como Regente Universal da Existência, como por exemplo, “condena este ou aquele outro tipo de pecado”, o Qual pela Onisciência para a Sua direção suprema, jamais requer, manter sob os braços quaisquer livros constitucionais de direito vivencial.   
Para ilustrar: (Luz) 42 – 24 (Predileção: “escolha”) = 18 [Eternidade]
Como explicação, a Luz (42) simplesmente escolheu a Eternidade (18), que na realidade significa todo o manancial da Onisciência.
Para esclarecer:

(Onipotência) 121 – 103 (Adaptação) = 18 Eternidade

(Eternidade) 162 – 41 (Distinção) = 121 (Onipotência)

Isso significa de certa forma o que já foi esclarecido: a Onipotência se adapta conforme as virtudes provenientes da Eternidade (18) em razão da própria Onisciência. Por outro lado, a Eternidade se destaca em razão da Onipotência, em sua forma latente de poder suprir a Onisciência.  
Portanto, como um dos tópicos fundamentais para essa recapitulação pelo estudo sobre a Onipotência, convém conhecer de forma aprofundada os inúmeros fundamentos relacionados com o fator Eternidade (18) para as próximas experimentações vivenciais.

(continua)




quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Tendências da Sincronicidade







Tendências da Sincronicidade


Da mesma forma em que a Sincronicidade se tornou um conceito reconhecidamente derivado da Teoria de Relatividade do Tempo, conforme Einstein (inclusive, mentor indireto sobre esse posterior estudo) sem significar um fato aparelhado nesse sentido, nem mesmo, sem ter função complementar para o assunto; assim também procede novamente ao surgimento de explicações apuradas diferentemente, com outros critérios por detalhes pela mesma modalidade desenvolvida, ao acervo de ciência. Se for observado em minúcias, a Física Quântica também surgiu após um rumo extrapolado durante estudo experimental da relatividade do tempo pela atual conceituação na época sobre a luz, depois disso; sem contar as inúmeras descobertas provenientes desse conhecimento. Portanto, de alguma forma ou de outra, se torna integrante para o conceito de sincronicidade  o fator tempo, o qual faz sempre referência a um certo tipo de ciclo, fase, período, ou certa ordem de continuada integração nesse sentido.

Para os autores Trish MacGregor e Rob MacGregor sobre o assunto sincronicidade (com o livro: Os 7 Segredos da Sincronicidade), vem ao caso como referência mais significativa ao emprego desse conhecimento, o simbolismo do fato pela observação de sinais durante o cotidiano, de modo prático; mesmo que se sobreponha os critérios de ordem do tempo relativo. Para se ter uma ideia do fato, essa modalidade de observação parece similar ao reconhecimento determinante de normas, conforme ao aplicado em função do denominado princípio antrópico, cientificamente. Em que neste outro caso, a natureza dos fatos se observa por sinais lógicos ou matemáticos, como autêntica comunicação do próprio universo, de seu indiscutível predomínio existencial. A diferença vista pelo princípio antrópico, é que esses ditos sinais são referências universais pela formação da existência humana, enquanto que com a outra modalidade, o informe é pessoal, intuitivo, simbólico e opcional. Resumindo, esses autores do livro aplicam como bordão pela obra que criaram o lema: “um guia para descobrir sentido nos grandes e nos pequenos sinais”.

Para melhores observações seguem alguns trechos do livro:


O Mundo da Sincronicidade

O mundo da sincronicidade partilha alguns paralelismos impressionantes com a popular série televisiva Perdidos. Na série, um avião despenha-se numa ilha deserta e os sobreviventes vêem-se confrontados com todos os tipos de acontecimentos estranhos, intuições e ligações sincronísticas do passado uns com os outros. Nada é aquilo que parece. Enquanto lutam por sobreviver organizando-se em comunidade, as suas fraquezas e forças revelam diversos estratos de profundidade das suas personalidades que complicam o enredo da semana seguinte. Enquanto como espectadores a sensação era de estar maravilhado, curiosidade e cinco milhões de perguntas. A sincronicidade é muito parecida com isso – uma aventura mágica que expande os nossos conceitos acerca daquilo que é possível. Para nós, esta aventura começou a 12 de Dezembro de 1981. Foi o nosso primeiro encontro e Trish perguntou a Rob se alguma vez ouvira falar de sincronicidade. Já ouvira e, a partir daí, as nossas vidas mudaram. Avanço rápido para 1984. Casamos e abandonamos os nossos empregos para nos dedicarmos a escrever em regime de ocupação contínua. Passávamos parte do nosso tempo a escrever artigos de viagem e juntamo-nos a um grupo de agentes de viagens num passeio de «convívio». Apesar de o nosso destino, Nashville, não ser exatamente o que consideraríamos um destino de primeira categoria, a viagem era grátis e estávamos abertos ao que quer que fosse...


Mas o Que É Que isso Significa

Uma sincronicidade poderá apenas servir para afinar a vossa consciência, para vos lembrar que, sob a superfície da vida do dia-a-dia, existem uma realidade e uma unidade subjacentes que poderão não ser imediatamente óbvias. Poderá servir como guia, aviso, afirmação, inspiração criativa e como prova de existência individual e crescimento psicológico. Poderá oferecer um vislumbre sobre o futuro e fazer com que se sintam no caminho certo, «na maior», exactamente onde é suposto encontrarem-se. Todas as sincronicidades, mesmo as mais sombrias, que nos advertem, têm uma qualidade misteriosa. Este livro levar-vos-á a tornarem-se mais conscientes da sincronicidade, a conseguirem decifrar as suas mensagens por vezes crípticas e a utilizarem o seu poder de transformação para melhorarem a vossa vida e o vosso bem-estar. Fá-lo-á através de histórias e práticas de sincronicidade que vos permitirão fazer associações e interpretar metáforas e símbolos. Por outras palavras, o material aqui ilustrado, ajuda-vos a explorar o vosso próprio inconsciente em busca de respostas. Com isso em mente, mergulhem nos segredos e aceitem as sincronicidades que começam a fluir na vossa vida. Tal como Jean Shinoda Bolen observou, em The Tao of Psychology: Synchronicity and the Self, «a sincronicidade contém a promessa de que, se mudarmos interiormente, os padrões da nossa vida exterior mudarão também.» 







quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Sincronicidade XV







FILOSOFIA DOS NÚMEROS: Sincronicidade – XV
Publicação anterior: Sincronicidade XIV

Sincronicidade

A Sincronicidade, desde Paracelso (em se considerando sua seguinte reencarnação como Jung) teria sido um fato conhecido por experiência como inevitável reação, para a tentativa inequívoca em formular seu efeito observado no cotidiano comum na vida das pessoas, ao menos como fator  psicológico, pela implantação teórica sobre o assunto, de importância categoricamente comprovada. Com a devida sutileza, a Sincronicidade definida por Jung confere um complemento extensivo sobre a teoria da relatividade de Einstein, ainda que inconclusa, quanto ao seu potencial regulamentar, conforme assim já citado por inúmeras vezes. Pelo confronto novamente entre os dois mapas isso se pode demonstrar:






Como se observa, o Tempo, que se caracteriza pelo número 30 identifica a Casa III de Jung e o Fundo do Céu (Casa IV) para o mapa de Paracelso.
Um estudo correlacionado ao assunto, que propriamente se estende com bases nas atividades do tempo, demonstra na lógica numérica que a relatividade pela teoria de Einstein se explica conforme o número 34 (Familiaridade). De modo simples, isso resulta da relação numérica: (tempo) 174 – 140 (reciprocidade) = 34 (relatividade). A Sincronicidade, conforme já demonstrada se explica melhor em razão do número 94 (Autenticidade ou simultaneidade). Em termos numéricos: (tempo) 174 – 94 (sincronicidade)  = 80 (Resignação). O número 80 (Resignação) também se define por “opções”, anexos, contingências, compartilhamento (até mesmo como fator eventual), etc. A essência como fundamento da simultaneidade (94), já foi demonstrada por este estudo, pela situação espacial em que não se constata a equivalência de valores entre as partes, portanto, não constam necessariamente, quaisquer semelhanças de ambos os envolvidos. Como exemplo, isso se constata em função de sua lógica, numa referencial corrida esportiva, em que a pista para os atletas se distribui pela demarcação por raias. Para os observadores em uma disputa, muitas vezes, dois atletas podem ser vistos lado a lado durante o percurso do páreo, cuja visão aparente de empate por similar velocidade não corresponde de fato, em razão de que, apenas um deles, se situa na frente, de acordo com a respectiva raia, determinantemente já mais próxima da chegada.     Nisso confere a diferença entre relatividade e sincronicidade, muito embora, para ambas as situações, a mesma importância de tempo se justifique. Parece que, no caso da sicronicidade (ou em razão de simultaneidade), o efeito de reciprocidade (140) ainda prevalece, mas por questões apenas de “ordem simbólica”, no qual o potencial devido ao determinante de uma causa específica, já demonstra ou se apresenta bastante enfraquecida, com tendência a se anular (81: Revogação). Por isso que para efeitos numéricos, condiz pelo Juízo (93) do Tempo a anulação: 174 – 93 = 81 (Revogação). 

Novamente de acordo com o mapa de Jung, se constata pela Roda da Fortuna (15º  22’ ) o número 80. No mapa de Paracelso se nota por complementação do fato o numero 81, condizente com a Casa VI (17º  21’). 

A Sincronicidade proveniente de Paracelso, justamente em seu estado conceitual apenas experimental, primário, condiz basicamente em função dos conhecimentos sobre alquimia, o estudo secreto mais importante de sua época, fundamentalmente. Nisso se inclui evidentemente o básico teor de conhecimento astrológico da época (sem se saber da existência de Urano, Netuno e Plutão), quando as condições de cálculos e as observações espaciais dos planetas, ainda eram demasiadamente precárias, deficientes. Mesmo nestas circunstâncias, os tratamentos médicos principalmente de Paracelso e alguns outros do ramo alquímico, se efetivava também com a inclusão de recursos pela medicina astrológica.  

Jung, pela sua definição de sincronicidade, sempre teve para esse direcionamento um impulso pelo menos inconsciente ou não, como tentativa de encontrar nos mistérios da astrologia fatos condizentes aos fenômenos já consumados por observações já caracterizadas, sobre este assunto de sua busca inquietante nesse sentido, cuja influência consistia de incessante continuidade como pesquisa, desde sua reencarnação anterior. Pois, isso consta como interpretação extensiva em razão de uma vida para outra, astrologicamente, pela integração consistente entre esses dois mapas de ordens consecutivas. Não resta dúvida que, pela sua correspondente incerteza em aplicar a astrologia, mesmo significando a principal sistemática em termos de cronologia, Jung titubeou incluindo outros rumos para o direcionamento teórico, embora incertos, ou talvez insignificantes, mas concatenados ao assunto principal sobre a sincronicidade.  Com isso, esse conceito permite certa abertura na qual se torna possível até mesmo extrapolar ao surpreender seu real fundamento, que propriamente se define deveras como um comprovado derivado da Relatividade de Einstein, sobre o tempo. Portanto, o fator tempo é básico na Sincronicidade, ao menos, por questão da reciprocidade, que determina a funções de relatividade. Isso é necessário comentar, destacar, pois, muitos teóricos divergem do essencial.
Então há de se constatar o seguinte fato. Vem ao caso o livro dos autores Trish MacGregor e Rob MacGregor, intitulado: “Os 7 Segredos da Sincronicidade”, que não se trata com isso duma pretensão de tentar interferir na modalidade diferente encontrada por eles sobre o assunto, nem mesmo como crítica. O lema do livro é: “um guia para descobrir sentido nos grandes e nos pequenos sinais”. De fato, eles encontram brecha conceitual disponível para instituir o assunto em razão de uma nova linhagem. Para se ter uma ideia do rumo inusitado assim tomado, segue alguns trechos da obra:  

Uma noite, por exemplo, Rob estava a organizar uma história de sincronicidade que incluía estas linhas: «Boa atmosfera, bons amigos, boa conversa, bom vinho, bons livros e o espaço intermédio.» Parou um momento, enquanto lia a última frase – o espaço intermédio – e depois continuou. Na manhã seguinte, abriu a autobiografia de F. David Peat, Pathways of Chance, na qual o autor falava da sua amizade com o médico David Bohm. A primeira coisa que Rob leu foi: «Independentemente dos nossos encontros e conversas, tinha estado a pensar acerca daquilo a que eu chamava o espaço intermédio. Era uma ideia que podia ser aplicada a muitas áreas, em particular para descrever o que acontece quando se contempla arte ou se lê uma obra literária. É o espaço que existe entre o observador e o observado; é o espaço do ato criativo que dá vida a um poema ou a um quadro. É o espaço onde as sincronicidades nascem. 

Enfim, a Sincronicidade engloba muito mais acima do efeito de ordem simbólica, pois fundamentalmente advém da integração temporal por reciprocidade, não como um simples sinal para enlevo da arte criativa, mas pelo cumprimento de causas existências inamovíveis...

(continua)








sábado, 17 de fevereiro de 2018

Jung Explica a Sincronicidade







Jung Explica a Sincronicidade

(continuação)

Enquanto analisávamos estatisticamente os aspectos dos 180 casamentos, esta nossa coleção se ampliava com novos horóscopos, e quando havíamos reunido mais 220 casamentos, esse novo "pacote" foi submetido a uma investigação em separado. Como da primeira vez, agora também o material era avaliado justamente da maneira como chegava. Não era selecionado segundo um determinado ponto de vista, e foi colhido nas mais diversas fontes. A avaliação do segundo "pacote" produziu um máximo de 10,9% para . A probabilidade deste número é também aproximadamente de 1:10.000.

Por fim, foram acrescentados mais 83 casamentos, a seguir estudados também separadamente. O resultado foi de um máximo de 9,6% para  ascendente. A probabilidade deste número é aproximadamente de 1:3.000. [982] Um fato que logo nos chama atenção é que as conjunções são todas conjunções lunares, o que está de acordo com as expectativas astrológicas. Mas estranho é que aquilo que logo se destaca aqui são as três posições fundamentais do horóscopo, a saber:  (Sol),  (Lua) e o ascendente. A probabilidade de uma coincidência de ☉☌ com  é de 1:100 milhões. A coincidência das três conjunções lunares com  (Sol),  (Lua) e o ascendente tem uma probabilidade de 1:3x10; em outros termos: a improbabilidade de um mero acaso para esta coincidência é tão grande, que nos vemos forçados a considerar a existência de um fator responsável por ela. Como os três "pacotes" eram muito pequenos, as probabilidades respectivas de 1:10.000 e 1:3.000 dificilmente terão alguma importância teórica. Sua coincidência, porém, é tão improvável, que se torna impossível não admitir a presença de uma necessidade que produziu este resultado. [963] Não se pode responsabilizar a possibilidade de uma conexão cientificamente válida entre os dados astrológicos e a irradiação dos prótons por este fato, pois as probabilidades individuais de 1:10.000 e 1:3.000 são demasiado grandes, para que se possa considerar nosso resultado, com um certo grau de certeza, como meramente casual. Além disto, os máximos tendem a se nivelar, quando aumenta o número de casamentos com a adição de novos pacotes. Seriam precisas centenas de milhares de horóscopos de casamentos para se determinar uma possível regularidade estatística de acontecimentos tais como as conjunções do Sol, da Lua e dos ascendentes, e, mesmo neste caso, o resultado seria ainda questionável. Entretanto, o fato de que aconteça algo de tão improvável quanto a coincidência das três conjunções clássicas só pode ser explicado ou como o resultado de uma fraude, intencional ou não, ou mais precisamente como uma coincidência significativa, isto é, como sincronicidade.

Embora mais acima eu tenha sido levado a fazer reparos quanto ao caráter mântico da Astrologia, contudo, agora sou obrigado a reconhecer que ela tem este caráter, tendo em vista os resultados a que chegou meu experimento astrológico. O arranjo aleatório dos horóscopos matrimoniais colocados seguidamente uns sobre os outros na ordem que nos chegavam das diversas fontes, bem como a maneira igualmente aleatória com que foram divididos em três pacotes desiguais, correspondia às expectativas otimistas do pesquisador e produziram um quadro geral melhor do que se poderia desejar, do ponto de vista da hipótese astrológica. O êxito do experimento está inteiramente de acordo com os resultados da ESP de Rhine, que foram favoravelmente influenciados pelas expectativas, pela esperança e pela fé. Mas não havia uma expectativa definida com referência a qualquer resultado. A escolha de nossos 50 aspectos já é uma prova disto. Depois do resultado do primeiro pacote havia certa esperança de que a ☉☌ se confirmasse. Mas esta expectativa frustrou-se. Na segunda vez, formamos um pacote maior com os horóscopos acrescentados antes, a fim de aumentar a certeza. Mas o resultado foi a . Com o terceiro pacote havia apenas leve esperança de que a  se confirmasse, o que também, mais uma vez, não ocorreu.

O que aconteceu aqui foi reconhecidamente uma curiosidade, aparentemente uma coincidência significativa singular. Se alguém se impressionasse com esta coincidência, poderíamos chamá-lo de pequeno milagre. Hoje, porém, temos de considerar a noção de milagre sob uma ótica diferente daquela a que estávamos habituado. Com efeito, os experimentos de Rhine nos mostraram, nesse meio tempo, que o espaço e o tempo, e conseqüentemente também a causalidade, são fatores que se podem eliminar e, portanto, os fenômenos acausais ou os chamados milagres, parecem possíveis. Todos os fenômenos naturais desta espécie são combinações singulares extremamente curiosas dos acasos, unidas entre si pelo sentido comum de suas partes o resultando em um todo inconfundível. Embora as coincidências significativas sejam infinitamente diversificadas quanto à sua fenomenologia, contudo, como fenômenos acausais, elas constituem um elemento que faz parte da imagem científica do mundo. A causalidade é a maneira pela qual concebemos a ligação entre dois  acontecimentos sucessivos. A sincronicídade designa o paralelismo de espaço e de significado dos acontecimentos psíquicos e psicofísicos, que nosso conhecimento científico até hoje não foi capaz de reduzir a um princípio comum. O termo em si nada explica; expressa apenas a presença de coincidências significativas, que, em si, são acontecimentos casuais, mas tão improváveis, que temos de admitir que se baseiam em algum princípio ou em alguma propriedade do objeto empírico. Em princípio, é impossível descobrir uma conexão causal recíproca entre os acontecimentos paralelos, e é justamente isto que lhes confere o seu caráter casual. A única ligação reconhecível e demonstrável entre eles é o significado comum (ou uma equivalência). A antiga teoria da correspondência se baseava na experiência de tais conexões — teoria esta que atingiu o seu ponto culminante e também o seu fim temporário na idéia da harmonia preestabelecida de Leibniz, e foi a seguir substituída pela doutrina da causalidade. A sincronicidade é uma diferenciação moderna dos conceitos obsoletos de correspondência, simpatia e harmonia. Ela se baseia, não em pressupostos filosóficos, mas na experiência concreta e na experimentação. [986] Os fenômenos sincronísticos são a prova da presença simultânea de equivalências significativas em processos heterogêneos sem ligação causal; em outros termos, eles provam que um conteúdo percebido pelo observador pode ser representado, ao mesmo tempo, por um acontecimento exterior, sem nenhuma conexão causal. Daí se conclui: ou que a psique não pode ser localizada espacialmente, ou que o espaço é psiquicamente relativo. O mesmo vale para a determinação temporal da psique ou a relatividade do tempo. Não é preciso enfatizar que a constelação deste fato tem consequências de longo alcance.

Infelizmente, no curto espaço de uma conferência não me é possível tratar do vasto problema da sincronicidade, senão de maneira um tanto corrida. Para aqueles dentre vós que desejam se informar mais detalhadamente sobre esta questão comunico-vos que, muito em breve, aparecerá uma obra minha mais extensa, sob o título de Sincronicidade como Princípio de Conexões Acausais. Será publicada juntamente com a obra do Prof. W. Pauli, num volume denominado Naturerklärung und Psyche.

Trecho final extraído do livro: Sincronicidade – Carl Gustav Jung








quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Jung Explica a Sincronicidade







Jung Explica a Sincronicidade

(continuação)

Todos os fenômenos a que me referi podem ser agrupados em três categorias:

1. Coincidência de um estado psíquico do observador com um acontecimento objetivo externo e simultâneo, que corresponde ao estado ou conteúdo psíquico (p. ex., o escaravelho), onde não há nenhuma evidência de uma conexão causal entre o estado psíquico e o acontecimento externo e onde, considerando-se a relativização psíquica do espaço e do tempo, acima constatada, tal conexão é simplesmente inconcebível.
2. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento exterior correspondente (mais ou menos simultâneo), que tem lugar fora do campo de percepção do observador, ou seja, especialmente distante, e só se pode verificar posteriormente (como p. ex. o incêndio de Estocolmo).
3. Coincidência de um estado psíquico com um acontecimento futuro, portanto, distante no tempo e ainda não presente, e que só pode ser verificado também posteriormente.

Nos casos dois e três, os acontecimentos coincidentes ainda não estão presentes no campo de percepção do observador, mas foram antecipados no tempo, na medida em que só podem ser verificados posteriormente. Por este motivo, digo que semelhantes acontecimentos são sincronísticos, o que não deve ser confundido com "sincrônicos".
Esta visão de conjunto deste vasto campo de observação seria incompleta, se não considerássemos aqui também os chamados métodos mânticos. O manticismo tem a pretensão, senão de produzir realmente acontecimentos sincronísticos, pelo menos de fazê- los servir a seus objetivos. Um exemplo bem ilustrativo neste sentido é o método oracular do I Ging que o Dr. Helmut Wilhelm descreveu detalhadamente neste encontro. O I Ging pressupõe que há uma correspondência sincronística entre o estado psíquico do interrogador e o hexagrama que responde. O hexagrama é formado, seja pela divisão puramente aleatória de 49 varinhas de milefólio, seja pelo lançamento igualmente aleatório de três moedas. O resultado deste método é incontestavelmente muito interessante, mas, até onde posso ver, não proporciona um instrumento adequado para uma determinação objetiva dos fatos, isto é, para avaliação estatística, porque o estado psíquico em questão é demasiadamente indeterminado e indefinível. O mesmo se pode dizer do experimento geomântico, que se baseia sobre princípios similares.

Estamos numa situação um pouco mais favorável quando nos voltamos para o método astrológico, que pressupõe uma "coincidência significativa" de aspectos e posições planetárias com o caráter e o estado psíquico ocasional do interrogador. Ã luz das pesquisas astrofísicas recentes, a correspondência astrológica provavelmente não é um caso de sincronicidade mas, em sua maior parte, uma relação causal. Como o prof. KnolI demonstrou neste encontro, a irradiação dos prótons solares é de tal modo influenciada pelas conjunções, oposições e aspectos quartis dos aspectos que se pode prever o aparecimento de tempestades magnéticas com grande margem de probabilidade. Podem-se estabelecer relações entre a curva das perturbações magnéticas da terra e a taxa de mortalidade — relações que fortalecem a influência desfavorável de ,,, [aspectos quartis] e as influências favoráveis de dois aspectos trígonos e sextis. Assim é provável que se trate aqui de uma relação causal, isto é, de uma lei natural que exclua ou limite a sincronicidade. Ao mesmo tempo, porém, a qualificação zodiacal das casas, que desempenha um papel no horóscopo, cria uma complicação, dado que o Zodíaco astrológico coincide com o do calendário, mas não com as constelações do Zodíaco real ou astronômico. Estas constelações deslocaram-se consideravelmente de sua posição inicial em cerca de um mês platônico quase completo, em consequência da precessão dos equinócios desde a época do 0º [ponto zero de Áries] (em começos de nossa era). Por isto, quem nascer hoje, em Aries, de acordo com o calendário astronômico, na realidade nasceu em Pisces. Seu nascimento teve lugar simplesmente em uma época que hoje (há cerca de 2.000 anos) se chama "Áries". A Astrologia pressupõe que este tempo possui uma qualidade determinante. É possível que esta qualidade esteja ligada, como as perturbações magnéticas da Terra, às grandes flutuações sazonais às quais se acham sujeitas as irradiações dos prótons solares. Isto não exclui a possibilidade de as posições zodiacais representarem um fator causal.

Embora a interpretação psicológica dos horóscopos seja uma matéria ainda muito incerta, contudo, atualmente há a perspectiva de uma possível explicação causal, em conformidade, portanto, com a lei natural. Por conseguinte, não há mais justificativa para descrever a Astrologia como um método mântico. Ela está em vias de se tornar uma ciência. Como, porém, ainda existem grandes áreas de incerteza, de há muito resolvi realizar um teste, para ver de que modo uma tradição astrológica se comportaria diante de uma investigação estatística. Para isto, foi preciso escolher um fato bem definido e indiscutível. Minha escolha recaiu no casamento. Desde a antiguidade a crença tradicional a respeito do casamento é que este é favorecido por uma conjunção entre o Sol e a Lua no horóscopo dos casais, isto é, ′ com uma órbita de 8º em um dos parceiros, e em com no outro parceiro. Uma segunda tradição, igualmente antiga, considera também como uma característica do casamento. De importância são as conjunções dos ascendentes com os grandes luminares.
Juntamente com minha colaboradora, a Dra. L. Frey-Rohn, primeiramente procedi à coleta de 180 casamentos, ou 360 horóscopos individuais , e comparamos os 50 aspectos astrológicos mais importantes neles contidos e que poderiam caracterizar um casamento, isto é, as (conjunções) e (oposições) entre (Sol), (Lua), (Marte), (Vênus), asc. e desc. O resultado obtido foi um máximo de 10% em ☉☌. Como me informou o Prof. Markus Fierz, que gentilmente se deu ao trabalho de calcular a probabilidade de meu resultado, meu número tem a probabilidade de cerca de 1:10.000. A opinião de vários físicos matemáticos consultados a respeito do significado deste número, é dividida: alguns acham-na considerável, outros acham-na questionável. Nosso número parece duvidoso, na medida em que a quantidade de 360 horóscopos é realmente muito pequena, do ponto de vista da Estatística.

Trecho extraído do livro: Sincronicidade – Carl Gustav Jung








segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Jung Explica a Sincronicidade







Jung Explica a Sincronicidade

(continuação)

O sentimento do déjà-vu [sensação do já visto] se baseia, como tive oportunidade de verificar em numerosos casos, em uma precognição do sonho, mas vimos que esta precognição ocorre também no estado de vigília. Nestes casos, o puro acaso se torna extremamente improvável, porque a coincidência é conhecida de antemão. Deste modo, ela perde seu caráter casual não só psicológica e subjetivamente, mas também objetivamente, porque a acumulação dos detalhes coincidentes aumenta desmedidamente a improbabilidade (Dariex e Flammarion calcularam as probabilidades de 1:4 milhões a 1:800 milhões para mortes corretamente previstas). Por isto, em tais casos seria inadequado falar de "acasos". Do contrário, trata-se de coincidências significativas. Comumente os casos deste gênero são explicados pela precognição, isto é, pelo conhecimento prévio. Também se fala de clarividência, de telepatia, etc., sem, contudo, saber-se explicar em que consistem estas faculdades ou que meio de transmissão elas empregam para tornar acontecimentos distantes no espaço e no tempo acessíveis à nossa percepção. Todas estas ideias são meras nomina [nomes]; não são conceitos científicos que possam ser considerados como afirmações de princípio. Até hoje ninguém conseguiu construir uma ponte causal entre os elementos constitutivos de uma coincidência significativa.

Coube a J. B. Rhine o grande mérito de haver estabelecido bases confiáveis para o trabalho no vasto campo destes fenômenos, com seus experimentos sobre a ESP (extrasensory-perception). Ele usou um baralho de 25 cartas, divididas em 5 grupos de 5, cada um dos quais com um desenho próprio (estrela, retângulo, círculo, cruz, duas linhas onduladas). A experiência era efetuada da seguinte maneira: em cada série de experimentos retiravam-se aleatoriamente as cartas do baralho, 800 vezes seguidas, mas de modo que o sujeito (ou pessoa testada) não pudesse ver as cartas que iam sendo retiradas. Sua tarefa era adivinhar o desenho de cada uma das cartas retiradas. A probabilidade de acerto é de 1:5. O resultado médio obtido com um número muito grande de cartas foi de 6,5 acertos. A probabilidade de um desvio casual de 1,5 é só de 1:250.000. Alguns indivíduos alcançaram o dobro ou mais de acertos. Uma vez, todas as 25 cartas foram adivinhadas corretamente em nova série, o que dá uma probabilidade de 1:289.023.223.876.953.125. A distância espacial entre o experimentador e a pessoa testada foi aumentada de uns poucos metros até 4.000 léguas, sem afetar o resultado.
Uma segunda forma de experimentação consistia no seguinte: mandava-se o sujeito adivinhar previamente a carta que iria ser retirada no futuro próximo ou distante. A distância no tempo foi aumentada de alguns minutos até duas semanas. O resultado desta experiência apresentou uma probabilidade de 1:400.000.

Numa terceira forma de experimentação o sujeito deveria procurar influenciar a movimentação de dados lançados por um mecanismo, escolhendo um determinado número. Os resultados deste experimento, dito psicocinético (PK, de psychokinesisj, foram tanto mais positivos, quanto maior era o número de dados que se usavam de cada vez.
O experimento espacial mostra com bastante certeza que a psique pode eliminar o fator espaço até certo ponto. A experimentação com o tempo nos mostra que o fator tempo (pelo menos na dimensão do futuro) pode ser relativizado psiquicamente. A experimentação com os dados nos indica que os corpos em movimento podem ser influenciados também psiquicamente, como se pode prever a partir da relatividade psíquica do espaço e do tempo. [969] O postulado da energia é inaplicável no experimento de Rhine. Isto exclui a ideia de transmissão de força. Também não se aplica a lei da causalidade, circunstância esta que eu indicara há trinta anos atrás. Com efeito, é impossível imaginar como um acontecimento futuro seja capaz de influir num outro acontecimento já no presente. Como atualmente é impossível qualquer explicação causal, forçoso é admitir, a título provisório, que houve acasos improváveis ou coincidências significativas de natureza acausal.

Uma das condições deste resultado notável que é preciso levar em conta é o fato descoberto por Rhine: as primeiras séries de experiência apresentam sempre resultados melhores do que as posteriores. A diminuição dos números de acerto está ligada às disposições do sujeito da experimentação. As disposições iniciais de um sujeito crente e otimista ocasionam bons resultados. O ceticismo e a resistência produzem o contrário, isto é, criam disposições desfavoráveis no sujeito. Como o ponto de vista energético é praticamente inaplicável nestes experimentos, a única importância do fator afetivo reside no fato de ele ser uma das condições com base nas quais o fenômeno pode, mas não deve acontecer. Contudo, de acordo com os resultados obtidos por Rhine, podemos esperar 6,5 acertos em vez de apenas 5. Todavia, é impossível prever quando haverá acerto. Se isto fosse possível, estaríamos diante de uma lei, o que contraria totalmente a natureza do fenômeno, que tem as características de um acaso improvável cuja frequência é mais ou menos provável e geralmente depende de algum estado afetivo.

Esta observação, que foi sempre confirmada, nos mostra que o fator psíquico que modifica ou elimina os princípios da explicação física do mundo está ligado à afetividade do sujeito da experimentação. Embora a fenomenologia do experimento da ESP e da PK possam enriquecer-se notavelmente com outras experiências do tipo apresentado esquematicamente acima, contudo uma pesquisa mais profunda das bases teria necessariamente de se ocupar com a natureza da afetividade. Por isto, eu concentrei minha atenção sobre certas observações e experiências que, posso muito bem dizê-lo, se impuseram com frequência no decurso de minha já longa atividade de médico. Elas se referem a coincidências significativas espontâneas de alto grau de improbabilidade e que consequentemente parecem inacreditáveis. Por isto, eu gostaria de vos descrever um caso desta natureza, para dar um exemplo que é característico de toda uma categoria de fenômenos. Pouco importa se vos recusais a acreditar em um único caso ou se tendes uma explicação qualquer para ele. Eu poderia também apresentar-vos uma série de histórias como esta que, em princípio, não são mais estranhas ou menos dignas de crédito do que os resultados irrefutáveis de Rhine, e não demoraríeis a ver que cada caso exige uma explicação própria. Mas a explicação causal, cientificamente possível, fracassa por causa da relativização psíquica do espaço e do tempo, que são duas condições absolutamente indispensáveis para que haja conexão entre a causa e o efeito.

O exemplo que vos proponho é o de uma jovem paciente que se mostrava inacessível, psicologicamente falando, apesar das tentativas de parte a parte neste sentido. A dificuldade residia no fato de ela pretender saber sempre melhor as coisas do que os outros. Sua excelente formação lhe fornecia uma arma adequada para isto, a saber, um racionalismo cartesiano aguçadíssimo, acompanhado de uma concepção geometricamente impecável da realidade. Após algumas tentativas de atenuar o seu racionalismo com um pensamento mais humano, tive de me limitar à esperança de que algo inesperado e irracional acontecesse, algo que fosse capaz de despedaçar a retorta intelectual em que ela se encerrara. Assim, certo dia eu estava sentado diante dela, de costas para a janela, a fim de escutar a sua torrente de eloquência. Na noite anterior ela havia tido um sonho impressionante no qual alguém lhe dava um escaravelho de ouro (uma jóia preciosa) de presente. Enquanto ela me contava o sonho, eu ouvi que alguma coisa batia de leve na janela, por trás de mim. Voltei-me e vi que se tratava de um inseto alado de certo tamanho, que se chocou com a vidraça, pelo lado de fora, evidentemente com a intenção de entrar no aposento escuro. Isto me pareceu estranho. Abri imediatamente a janela e apanhei o animalzinho em pleno vôo, no ar. Era um escarabeídeo, da espécie da Cetonia aurata, o besouro-rosa comum, cuja cor verde-dourada torna-o muito semelhante a um escaravelho de ouro. Estendi-lhe o besouro, dizendo-lhe: "Está aqui o seu escaravelho". Este acontecimento abriu a brecha desejada no seu racionalismo, e com isto rompeu-se o gelo de sua resistência intelectual. O tratamento pôde então ser conduzido com êxito.

Esta história destina-se apenas a servir de paradigma para os casos inumeráveis de coincidência significativa observados não somente por mim, mas por muitos outros e registrados parcialmente em grandes coleções. Elas incluem tudo o que figura sob os nomes de clarividência, telepatia, etc., desde a visão, significativamente atestada, do grande incêndio de Estocolmo, tida por Swedenborg, até os relatos mais recentes do marechal-do-ar Sir Victor Goddard a respeito do sonho de um oficial desconhecido, que previra o desastre subsequente do avião de Goddard.

Trecho extraído do livro: Sincronicidade – Carl Gustav Jung