ESTUDOS ASTROLÓGICOS: Plutão em
Trânsito
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Interpretação de Plutão em Trânsito
Na interpretação de trânsitos de
modo geral, a característica do planeta conforme já foi explicado
anteriormente, embasa um conhecimento essencial pelo andamento eficaz do
processo analítico astrológico nas previsões. Aliás, apenas pelo emprego dos
trânsitos (até mesmo sem o levantamento da Revolução Solar e Lunar de um
período), seria possível se efetivar uma parcial previsão astrológica, sem a
necessidade de muitos cálculos, tão somente conforme as efemérides; de uma
forma já esclarecida nas aulas de cálculos.
Para prosseguir nessa ordem, os
ensinamentos de acordo com Elman Bacher, em seus “Estudos de
Astrologia” sobre o planeta Netuno, se tornam fundamentais, como se seguem:
Plutão o Princípio do Fogo Congelado
Este tema é apresentado na
esperança de que seja uma contribuição útil àqueles estudantes de astrologia
que se interessem por psicologia, a fim de permitir-lhes compreender melhor os
aspectos de desejo da consciência humana. Podemos fracassar em nossa tarefa de
"iluminadores" se não
aceitarmos intimamente procurar soluções para as emotividades complexas e
desviadas que resultam de confusões e frustrações da consciência sexual das pessoas.
Evolução é geração e regeneração. Fobia, psicose, fixação, etc. são termos
usados para indicar níveis de consciência emocional que, em virtude da falta de
escape construtivo, permitiu-se que estagnasse, cristalizasse, congestionasse e
retrocedesse.
Na aplicação de interpretações
astrológicas para as descobertas da psicologia moderna, não existe símbolo
único mais significativo que o signo em sua colocação como significador
vibratório da Casa 8 da roda abstrata. Plutão como signo fixo de água, pode ser
comparado ao gelo comprimido e imóvel. Como significador emocional, é
sentimento em sua forma mais intensa. Ele é o grande oceano de poder do desejo,
do qual a humanidade inteira recebe seu pábulo emocional para ser transmutado
através do amor para a regeneração da Vida. (Fisiologicamente, Escorpião
representa todas as funções excretoras do corpo - a eliminação das substâncias
em estado fluídico, as quais, pela boa saúde, devem ser
"descarregadas" para que os processos regenerativos e transmutáveis
do corpo possam ser efetuados).
A referência ao Amor citado acima
poderá ser mais bem compreendida se adotarmos um desenho ilustrativo: façamos
um círculo em branco e coloquemos o símbolo de Áries na cúspide da primeira
casa, e Touro na cúspide da segunda casa. Este é o retrato do “EU SOU”, (1ª
casa), a afirmação do ser consciente - e do “EU TENHO”, (2ª casa), o
reconhecimento da relação com as coisas da Vida através da consciência de
posse. Touro, Venus, signo de terra e fecundo, simboliza a manutenção e sustento
da vida física; ele é nossa "raiz na Terra", pela qual, através do
senso de posse, mantemo-nos agarrados às experiências da vida. Em níveis
primitivos, a Segunda Casa, não implica, nem precisa implicar necessariamente a
consciência de relacionamento com outra pessoa; mas é um estado de “sentimento”
ou “emoção” de propriedade pelo qual esculpimos o nosso destino de acordo com a
nossa consciência de "avaliação das coisas da Terra".
Acrescentemos a este desenho o
símbolo de Libra na cúspide da sétima casa. O “EU SOU” de Áries na primeira
casa encontra agora sua realização ou transcendência, no “NÓS SOMOS” da
sociedade, do matrimônio ou do relacionamento de qualquer natureza. A
consciência de isolamento da Casa I amplia-se através da mutualidade de
experiência "em conjunto". A sétima casa é a primeira casa do
hemisfério superior, a iniciação aos níveis da consciência anímica pela
experiência do reconhecimento amoroso, ou destilação do amor através dos
mecanismos do relacionamento. A manutenção ou sustentação da Casa VII
encontra-se na casa VIII, a "polaridade da consciência anímica" da
casa II. Como dissemos, ela é o recurso do desejo, o "fogo do intercâmbio
de polaridades". Coloquemos o símbolo de Escorpião na cúspide da oitava
casa, completando-se assim o quadro do lançamento do indivíduo aos níveis
evolutivos de experiência através do poder do amor para a transmutação e
regeneração de sua consciência (sugerimos que todo o estudante de astrologia
medite sobre este esquema); ele é o quadro simbólico do Jardim do Éden,
relatado na Bíblia, o nascimento da consciência sexual e a iniciação ao
matrimônio. A interpretação adulterada desta alegoria através dos tempos, na
experiência humana, tem causado mais tragédias e sofrimentos do que se possam
atribuir a qualquer outro fator isolado. "Eva" é a consciência
anímica ou a metade superior da roda astrológica. "Ela" surge da
necessidade do indivíduo transcender as condições da primeira casa (isolamento
para individuação, inocência e/ou ignorância). Cada ser humano real é um
composto vibratório de "Adão e Eva"; o sexo é mera especialização de
polaridade expressa em termos físicos durante determinada encarnação para
específicas necessidades geradoras e evolutivas. Não pode haver tal coisa como
superioridade do macho sobre a fêmea - todos somos inerentemente ambos, na
consciência e na subconsciência. Os Astrólogos devem compreender isto. Façamos
agora outro desenho, em nosso estudo do signo de Escorpião. Em uma roda
astrológica em branco conecte os pontos médios das casas fixas - 2ª, 5ª, 8ª e
11ª (signos fixos) - por meio de linhas retas. O resultado será a forma
geométrica perfeita do "quadrado estático" repousando sobre sua base
(este é o nosso símbolo para o "aspecto quadratura" - a relação entre
dois planetas que se encontram dentro de uma órbita de noventa graus entre si).
Considerando que os significadores vibratórios dessas casas são todos signos de
poder emocional, devemos estudar por pares a relação de polaridade desses
signos. Liguemos o ponto médio da casa II ao ponto médio da casa VIII, e o
ponto médio da casa V ao ponto médio da casa XI. A polaridade Leão-Aquário é o
poder do amor pessoal criador, expresso na relação de pai para filho, sendo
realizada espiritualmente na vibração aquariana do poder do amor impessoal que
inclui todos os padrões de relação tal como são realizados nas amizades e na
fraternidade.
Estes dois signos são o poder do
amor como radiações. O padrão Touro-Escorpião representa os recursos do poder
do amor através da função evolutiva do “desejo de posse das coisas” e do
“desejo de posse na experiência amorosa”. O “quadrado estático” que traçamos
aqui dá-nos a pista para o verdadeiro significado do “aspecto quadratura” que
usamos em astrologia. Os padrões fricativos mostrados em um horóscopo simbolizam
potencialidades para sofrimento – os “problemas” – devidos a frustrações e/ou
expressões não espiritualizadas do poder do desejo. Esclarecendo: Os problemas
- como a dor – são acesos em nossa consciência pelo contato com outras pessoas
e através de nossa reação vibratória aos seus padrões de consciência. Isto só
pode ser possível por meio de experiências determinadas pelos setores das casas
7 e 8 da roda astrológica, que são os setores de “intercâmbio de vibrações”.
Nossos estados não regenerados de
consciência, os desejos não realizados ou não expressos, sincronizam-se com um
padrão complementar da outra pessoa, e então nossa experiência de relação é
objetivada. Como esta fase de vida nos chega através de outra pessoa,
consideremos o traçado do quadrado estático começando com Escorpião. A roda
astrológica, como sabemos, é uma representação abstrata dos processos
evolutivos através de sucessivas encarnações.
O nascimento físico é
simbolizado, em cada encarnação pelo Ascendente, a cúspide da primeira casa.
Contudo, em cada encarnação inicia-se um “segundo nascimento” na primeira
reação à consciência sexual: o reconhecimento do complemento de alguém, o
“outro eu” de alguém, seu símbolo vivente da realização desejada e necessitada.
Por conseguinte, podemos pensar que a roda astrológica começou suas revoluções
a partir do momento em que a humanidade – no sentido abstrato (Adão e Eva) –
percebeu o desejo de realização através dos processos de intercâmbio de
polaridade, começando como o intercâmbio vibratório da experiência do sexo
físico, e passando por todos os estágios de desenvolvimento nos intercâmbios
mentais e criadores e relações biológicas e não biológicas.
Escorpião então é visto como o
recurso vibratório do poder do desejo para a entidade que chamamos humanidade,
e do qual todas as coisas viventes recebem sua expressão criadora e
perpetuação. Em virtude de estarmos respaldados por muitas e muitas encarnações
em que expressamos este poder de certas maneiras, podemos considerar cada ser
humano análogo, simbolicamente, a um iceberg que mostra acima da superfície
apenas uma pequena fração de seu corpo inteiro. Cada um de nós possui uma
“grande área” de potencial de desejo submerso ou desconhecido que deriva
diretamente de nosso vínculo com esse recurso. Por isso, tal vínculo mútuo tem
sido chamado por muitos pensadores como “inconsciente
coletivo”. Todo ser humano em um dado momento de qualquer estágio de sua
evolução, vibra a certo nível desse “corpo de desejo coletivo” (de maneira
similar ou análoga à vibração específica de qualquer cor em relação ao espectro
total, ou a de qualquer tom em relação ao "corpo das vibrações
tonais").
Em termos tradicionais e
ortodoxos, podemos dizer que Escorpião representa a “fonte do mal”. O demônio é
o eterno tentador, o eterno impulsionador para a direção errônea, a eterna
armadilha para o incauto, o arqui-destruidor do bem, o adversário do ser
humano, e um “fedor nas narinas do Mais Elevado”.
Não queremos discutir com a
ortodoxia, mas essas frases representam atitudes simplistas de pessoas que vêem
a vida e seus capítulos como “preto ou branco”, “dia ou noite”, “o alto ou o
baixo”, “essencialmente bom ou essencialmente mal” e assim por diante. Esses
níveis de conceitos tem sido e ainda são necessários por servirem de
referências de conduta à humanidade em evolução. É preciso que haja alguns
tipos de moldes em que o homem possa derramar as expressões de si mesmo, caso
contrário toda a vida em evolução seria caótica e insípida. O desejo em si não
teria propósitos evolutivos para ajudar, além da satisfação das necessidades
mais primitivas.
(continua)