terça-feira, 1 de maio de 2012

Mitos da Voracidade II

Mitos da Voracidade II
MITOLOGIA E ASTROLOGIA: Mitos da Voracidade II

Este setor apresenta um texto original sobre um mito. Em seguida, sua interpretação conforme o sentido astrológico – pela caracterização de um Signo ou de outra característica astrológica.

Mitos da Voracidade



Electra e Orestes

O repúdio de Electra em vistas ao adultério de sua mãe – Clitemnestra –, se mostrava sob certa prontidão infamante, visto que, tal amante, Egisto, se constituía no pior inimigo daquele reino (por questões do passado). Orestes era seu irmão caçula, ao qual ela providenciara sua fuga e proteção (em razão das intenções criminosas de Egisto) junto de seu tio Estrófio, rei da Fócida; em cujo reino esse menino cresceu (durante a guerra de Tróia). Após o assassinato de Agamêmnon – seu pai, o qual tinha voltado triunfante de Tróia – praticado por Egisto junto de sua mãe, o ódio de Electra crescera sob a mais inflamada “sede” de vingança (por ser tratada nesse período como escrava). Orestes, já adulto, sob os desígnios do oráculo, se mantinha no dever da desforra, em razão de seu pai ter sido assassinado e seu reino usurpado. 
Orestes, noticiado como morto, por “pura”estratégia, se instalara na casa de sua irmã, tendo assim se “saciado” – como um faminto – com o incontido veneno de Electra,; absorvendo então o pleno sabor do ódio, em cuja ressonância determinara sua mais drástica vingança (de efeitos colaterais em razão de outro mito).
Disso resultou a atitude de Orestes, o qual primeiro trucidou Egisto, tendo depois a fúria de decapitar sua própria mãe; como se fosse apenas (inconscientemente) pelo exato mandato de Electra (autora fundamental desse fato).



Eresícton

Eresícton (ou Erisíchton), filho de Dríops (descrevem alguns como avô materno de Ulisses), era um homem deveras sem escrúpulos que desprezava os deuses. Por acaso, ao adentrar um bosque, o qual – inesperadamente – era consagrado por Demeter (Ceres); cujas árvores serviam de habitação das dríades; esse, dominado pelo encanto, decidiu profanar o seu achado (um recanto natural). 



Impreterivelmente, resolveu iniciar sua ousada “obra”, aplicando seu machado na mais frondosa das árvores, a qual, de imediato se manifestara – de modo inexplicável –, como se pudesse expressar sua dor  diante dos golpes seguidos; cuja qualidade de seus sons (emitidos com coerência) definiam súplicas em termos de piedade; fato que o alegrou ainda mais.



Tristes e abatidas as dríades clamaram a intervenção de Demeter, a qual encarregou a Fome de punir essa impiedade. Assim, em cumprimento de sua missão, essa entidade medonha invadiu os aposentos do desalmado Eresícton, o qual se mantinha adormecido. Dessa forma, impulsionada pelo ritmo de sua respiração, essa criatura indesejável conseguiu adentrar suas veias, impregnando assim o seu sangue com um tipo de veneno – expressamente – pessoal, cujo efeito, no sentido de seus “sonhos” – definidos mais como pesadelos –, passou a determinar sensações de um inesgotável apetite.
No dia seguinte, as condições de sua rotina se modificara em razão da voracidade de seu apetite realmente insano. E, com o passar do tempo, seus gastos com a despensa, que aumentavam a cada dia, se tornaram incontroláveis, cujo único recurso consistia na venda inevitável de seus bens, os quais finalmente também se esgotaram. Sem outra alternativa, apelou pela venda de sua filha Metra, como escrava.


Mas, pelo fato dessa moça ter sido agraciada com a proteção de Poseidon; cujo deus a transmutara no momento exato em trajes de um pescador, condição que permitiu sua fuga do cativeiro; voltando assim  para o seu malfadado lar, sob auspiciosa recepção de seu pai, sempre motivado pelos seus interesses (insaciáveis). Por ingenuidade, Metra fora vendida várias vezes como escrava, sendo porém sempre salva pelo deus através de novas metamorfoses.



Entrementes, numa noite de significado extremamente macabro, Eresícton, por não ter como se servir no jantar, num ataque de loucura, passou a devorar suas próprias partes corporais até o seu derradeiro instante.


A Fome

A Fome era filha da Noite, geralmente, representada na entrada dos Infernos; mas, também podia ser vista arrancando com as unhas a escassa erva de um campo árido, sempre acompanhada do Frio e do Medo; sendo descrita como uma mulher, de extrema magreza, de olhos fundos e pele distendida, ressaltando os ossos.



A Volúpia

A Volúpia era representada sob os traços de uma bela mulher, cujas faces rosadas acusavam o uso artificial  de cor; com seu olhar lânguido expressava moleza e falta de modéstia; tendo sempre ao lado uma bola alada de vidro (indicando leviandade).

Comentário:

O número 48 (Apetecível) caracteriza os fundamentos expressos em função desses mitos, sendo que, conforme a mitologia (geral), inúmeras outras passagens descrevem fatos implicados nessa questão da voracidade; como por exemplo, nas citações sobre Cronos, Zeus, o Minotauro, Medéia e tantos outros mais; entretanto, os aqui escolhidos representam de modo seguro esse sentido, cuja qualidade numérica também poderia significar: apetite, fome, volúpia, vazio, desejo, paixão, incompleto, faltante, fator de exigência, descontrole, instinto, etc. No entanto, não poderia ser definido (ou confundido) como Virtude (89), por se tratar realmente de uma exigência em termos existenciais (Apetecível 192 – 51 Realidade = 141 Reverência); uma das facetas dado ao mito de Eresícton tende a expressar essa característica.

47 Realização / 48 Apetecível / 49 Heroísmo

O Apetecível (48) se expressa como intermediário da capacidade (ou necessidade) de realização com seu potencial de decisão, um fator estimulante e motivador (49); em cujo sentido de sua intercalada função, precisa estabelecer um certo tipo de equilíbrio, pois, seu Meio Ativo (conforme o quadrado da cruz) implica em necessários reajustes em razão de seu fator: 55 Harmonia (característica válida como instrumento desse padrão).
Dessa forma, em condições naturais esse fator poderia ser exaltado como um tipo de benção dado ao seu benefício em todos os percursos em termos existenciais (48 – 32 Naturalidade = 16 Privilégio), pela sua própria natureza, cuja qualidade ideal depende de comando (Regime 76 – 28 Providência = 48 e Prudência 129 – 81 Revogável = 48).
Sem a devida precaução essa “força” poderia se voltar contra o seu próprio “senhor” (Apetecível 192 – 63 Incomensurável = 129 Prudência). Por isso esse número pode ser interpretado também como conceito de livre arbítrio (48 + 144 = 192); e, curiosamente, seu número –B- resulta somente em 48 e 96 (seu dobro), ou seja: 192192 / 143 = 48 . . . 192192 / 7 = 96; quer dizer, implica num fator (de egoísmo) que somente clama por si próprio (48), indicando por outro lado a possibilidade de submissão (96 Concórdia), desde que seja comandado.
Em Píramo e Tisbe, um mito muitas vezes reaproveitado (por adaptação) por alguns romancistas (até atuais), como se esse fato (o suicídio) caracterizasse o amor heróico (49), o qual não se reformula assim, entretanto, sob essa circunstância, sua qualidade essencial (como interpretação), cujo fundamento real se expressa apenas pelo sentido de voracidade (paixão, volúpia e descontrole).
Conforme o processo indicado em ‘Penas Irrevogáveis’, que nesse caso implicaria em 48 + 44 = 92 Arbítrio e 48 + 35 = 83 Fraternidade; ou, traduzido em palavras: o Apetecível (48) não se encontra no direito de acarretar num livre arbítrio  (o qual deve prevalecer sob os desígnios de uma criatura humana) levado aos extremos, cuja mácula afetaria o sentido de Fraternidade; e, nessas circunstâncias a forma de sublimação só seria possível em razão da Higidez (84). Nisso se define todos os males e transgressões humanas; uma decadência espiritual em razão de um predomínio de ordem animal (fisiológico).


Legado utilizado como bordão:
“Todo conhecimento que não pode ser expresso por números é de qualidade pobre e insatisfatória” (Lord Kelvin).